A cinco dias da data marcada para decidir o futuro do Democratas na eleição em Porto Alegre, as opções se afunilaram. O partido, que tem quatro vereadores na Câmara e um capital 32,34 segundos na propaganda de rádio e TV, vai decidir entre a candidatura própria, com Nádia Gerhard encabeçando a chapa, e a aliança com Sebastião Melo (MDB).
Hoje, a tendência é pelo apoio a Melo, por questões pragmáticas. Apesar de seus líderes não economizarem elogios a Nádia, a dificuldade de conseguir aliados para tornar a candidatura viável empurra o partido para os braços do MDB, que já tem a seu lado o Solidariedade, o Cidadania e o DC. O DEM não quer lançar uma candidatura só para marcar posição e repetir 2008, quando Onyx Lorenzoni disputou a prefeitura e ficou em quinto lugar, com 4,91% dos votos válidos, atrás de José Fogaça (MDB), Maria do Rosário (PT), Manuela D’Ávila (PCdoB) e Luciana Genro (PSOL).
Nádia deixou o MDB em março com a promessa de ser candidata a prefeita, mas, às vésperas das convenções, não conseguiu viabilizar uma aliança. Como esta será uma eleição diferente, em que os candidatos não terão como fazer campanha de rua, por causa da pandemia de coronavírus, a avaliação interna é de que levarão vantagem os concorrentes mais conhecidos.
— Melo foi vereador, presidente da Câmara, vice-prefeito e agora é deputado estadual. Na eleição de 2016, disputou o segundo turno com Nelson Marchezan. É conhecido em toda a cidade e não precisa se apresentar na periferia — diz um dos líderes do DEM, que participa das articulações.
Nádia está no primeiro mandato e nunca disputou uma eleição majoritária. Em 2018, fracassou na tentativa de se eleger deputada estadual.
Pelo mesmo motivo, o apoio a Gustavo Paim (PP), que na quarta-feira foi a Brasília conversar com o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, está fora do radar. Nos bastidores, a avaliação é de que por só ter concorrido a vice de Marchezan, Paim não é suficientemente conhecido para enfrentar adversários calejados, como o ex-prefeito José Fortunati (PTB) e a ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB).
A aliança com Fortunati, que até quarta-feira era uma possibilidade, está fora de cogitação. Foi enterrada por ninguém menos que Roberto Jefferson, o chefão do PTB, em um vídeo no qual proíbe o partido de se coligar com o DEM, com o PSDB e com partidos de esquerda.
Com Valter Nagelstein (PSD), a aliança só prosperaria se ele aceitar ser vice de Nádia. O contrário está fora de cogitação.
— Não saí do MDB para ser vice — tem dito a vereadora.
O presidente estadual do DEM, Rodrigo Lorenzoni, e o vice-presidente, Leonardo Maricato, negam que o partido tenha jogado a toalha em relação à candidatura própria. Os dois só têm elogios a Nádia, mas não descartam o apoio a Melo.
— Ainda estamos tentando construir uma aliança. A Comandante Nádia é uma mulher extraordinária, que fez carreira exemplar na Brigada Militar, se comunica bem — elogia Lorenzoni.
— Nádia é uma mulher aguerrida, trabalhadora, de ideias claras, que está ajudando a preparar nossas candidatas à Câmara — reforça Maricato.