A deputada estadual Luciana Genro e o vereador de Porto Alegre Roberto Robaina, ambos do PSOL, apresentaram nesta sexta-feira (12) estudo que aponta “fortes indícios” de subnotificação de mortes por coronavírus no Rio Grande do Sul. A pesquisa foi realizada pela assessoria técnica da bancada do PSOL na Assembleia Legislativa.
O levantamento mostra que, neste ano, entre 1º de março e 9 de junho, houve 1.024 mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Estado, cerca de nove vezes mais do que no mesmo período de 2019. Conforme os parlamentares, isso sugere que parte dos óbitos por covid-19 pode estar registrado como SRAG e que o número de mortes pode ser até 3,4 vezes maior que o oficial.
Na apresentação, feita em transmissão ao vivo no Facebook, Luciana e Robaina informaram que o estudo analisou dados do OpenDataSUS, sistema de dados abertos do Sistema Único de Saúde.
Os números do levantamento divergem dos dados de registro civil do governo federal. No mesmo período, o sistema indica 107 casos de morte por SRAG no território gaúcho.
Além do Estado, o levantamento apresentou dados locais de Porto Alegre e Pelotas. Nesses casos, a subnotificação seria de até 3,79 e 5,40 vezes, respectivamente. No período do Estudo, a Capital registrou 1761 casos de coronavírus, com 48 óbitos. Pelotas contabilizou 123 casos, sem nenhuma morte.
O reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pedro Hallal, que coordena a maior pesquisa epidemiológica de covid-19 do país, participou da live, recebeu o resultado do estudo e prometeu avaliá-lo.
Contraponto
O governador Eduardo Leite e o secretário da Saúde de Porto Alegre, Pablo Stürmer, rechaçam as acusações do PSOL de que há subnotificação nas mortes.
Leite assegura que todos os mortos por Síndrome Respiratória Aguda Grave são testados para covid-19 e diz que o Estado nada teria a ganhar adulterando as estatísticas.
Stürmer usa o mesmo argumento e garante que não faltam testes na Capital.