No dia em que teve a oportunidade de se retratar diante dos brasileiros pelas barbaridades que tem dito sobre as mortes por coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro preferiu a mentira e o ataque aos jornalistas. Poderia ter dito que pensou melhor e concluiu que seria um erro realizar o churrasco anunciado para sábado (9), dia em que o Brasil passou de 10 mil mortes pela covid-19.
Mas não: preferiu vender a ideia de que fizera uma “pegadinha” ao anunciar o churrasco para 30 pessoas e que os jornalistas caíram. No sábado, depois de cancelar a confraternização, chamou de “churrasco fake” o que anunciara com certa solenidade na quinta-feira (7).
Deve-se ao repórter Mateus Vargas, de O Estado de S. Paulo, a prova de que Bolsonaro falou sério na quinta e mentiu no sábado. Em seu perfil no Twitter (mateus_bvargas), o jornalista publicou o vídeo em que Bolsonaro anuncia o churrasco, ironizando que vai “cometer um crime” e apresenta a justificativa: dar uma força ao ministro Wagner Rosário, da Controladoria-Geral da União. Disse o presidente:
– Eu convidei o garoto aí da CGU. Tô cometendo um crime... Vou fazer um churrasco no sábado aqui em casa. Eu convidei aí o Wagner, ministro da CGU. Vai trazer o filho dele, 13 anos. Mas que não olhe pra Laura, se não bicho vai pegar, tá certo? Vamos bater um papo, quem sabe fazer uma peladinha, alguns ministros, alguns servidores mais humildes que estão do meu lado. Eu me coloco no lugar do Wagner que, com toda certeza, tem em mim um amigo para esse momento aí, também de vida.
Wagner acabou de ficar viúvo. Se era uma “pegadinha” para os jornalistas, como disse no sábado, o desrespeito inclui o ministro e o filho dele. Se era sério, revela total falta de noção e indica que alguém com mais juízo o convenceu a suspender o churrasco.
Neurose e jet ski
Não bastasse a ideia do churrasco, que remete a celebração, Jair Bolsonaro voltou a desrespeitar os brasileiros que respeitam o isolamento para não disseminar o coronavírus. Depois de passear de jet ski no Lago Paranoá, definiu como neurose as precauções e repetiu que “70% vão pegar o vírus”.
Conselho golpista e suicida
Novo ídolo do bolsonarismo e um dos líderes da ala do centrão que está abocanhando cargos no governo, o ex-deputado Roberto Jefferson deu um conselho golpista, ilegal e suicida ao presidente Jair Bolsonaro.
Em seu perfil no Twitter, Jefferson postou foto segurando uma arma. E sugeriu: “Bolsonaro, para atender o povo e tomar as rédeas do governo, precisa de duas atitudes inadiáveis: demitir e substituir os 11 ministros do STF, herança maldita. Precisa cassar, agora, todas as concessões de rádio e TV das empresas concessionárias Globo. Se não fizer, cai”.
Se fizer o que Jefferson diz é que Bolsonaro corre o risco de cair. Pelo impeachment.