Apesar da incerteza em relação à realização da eleição de outubro, o calendário eleitoral segue inalterado e quem pretende ser candidato e ocupa cargo de gestão no Executivo deve se desincompatibilizar nesta sexta-feira (3). Do primeiro escalão da prefeitura de Porto Alegre, dois titulares e dois adjuntos deixam o cargo: Ramiro Rosário (PSDB), de Serviços Urbanos, Rafão Oliveira (PTB), da Segurança Pública, Nelcir Tessaro (DEM), secretário adjunto de Infraestrutura e Filipe Tisbierek (PTB), adjunto de Relações Institucionais. Os quatro são candidatos a vereador em Porto Alegre.
Quem também deixa o governo nos próximos dias, mas sem ligação com o calendário eleitoral, é o secretário de Comunicação Social, Orestes de Andrade Júnior. Desde janeiro, Orestes vinha alinhavando a saída com o prefeito Nelson Marchezan. A intenção era fazer mestrado para, no futuro, ser professor. A crise do coronavírus adiou a exoneração, mas na quarta-feira o secretário bateu o martelo com o prefeito:
— Temos uma excelente relação. Tive a oportunidade profissional da minha vida. Acho que fiz um bom trabalho, mas quero cuidar de mim. Aqui é 24 horas por dia.
Orestes foi convidado por Ramiro para ser seu assessor na Câmara e tende a aceitar “para continuar ajudando o prefeito”. Marchezan o estimulou a dizer sim. Ainda não há definição sobre o substituto.
Na Segurança e nos Serviços Urbanos, a tendência é manter os adjuntos. O segundo homem da Segurança é Solon Beresdorf, um técnico discreto que já coordenou o Centro Integrado de Controle. Na vaga de Ramiro a candidata natural é a adjunta Luciane Freitas, ex-diretora financeira do Dmae.
Nesta quinta-feira (2), Ramiro encaminhou ofício ao presidente da Câmara, Reginaldo Pujol, informando que reassume o mandato a partir de sexta-feira (3). O secretário sai frustrado por não poder prestar contas do trabalho que fez, já que a crise decorrente do coronavírus tornou impossível qualquer celebração:
— Havia imaginado que este momento seria diferente. Seria uma grande oportunidade de prestarmos contas de todos os atos realizados nos últimos três anos. Construímos uma secretaria com foco na zeladoria urbana que não existia na cidade, combatemos a corrupção, promovemos processos de desestatização, restabelecemos serviços paralisados e implementamos outros inéditos, inovamos na gestão e modernizamos contratos.
Na Câmara, Ramiro diz que seu foco será a inclusão, no ordenamento jurídico municipal, de mecanismos de transparência, racionalização dos gastos públicos, controle sobre os serviços e combate à corrupção.
Ramiro diz que só tem a agradecer a Marchezan “pela oportunidade e pela confiança”:
— Reconheço sua postura e a gestão inédita na cidade na busca pelo equilíbrio das finanças e melhorias dos serviços.