Três sindicatos se uniram para patrocinar uma ação judicial que tenta impedir a realização de carreata programada para este sábado (18) em defesa do fim das medidas de distanciamento social. A manifestação, organizada pelo deputado Ruy Irigaray (PSL), está sendo divulgada como uma carreata “contra a Globo e a favor do presidente Bolsonaro e da retomada da economia do país”.
A ação foi impetrada pelo Sindicato dos Trabalhadores no Judiciário Federal (Sintrajufe-RS) e construída em parceria com o Cpers/Sindicato e Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região Metropolitana.
Na ação, os sindicatos argumentam que a posição do deputado do PSL contraria as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), de especialistas e autoridades sanitárias de todo o mundo.
Os dirigentes sustentam que Irigaray e e os demais defensores do que chamam de “volta à normalidade”, sem evidências científicas que justifiquem a retomada plena das atividades, “parecem querer repetir no Brasil o desastre ocorrido em países como a Itália, os Estados Unidos e, mais recentemente, o Equador, onde corpos são empilhados nas ruas ou ficam jogados nas casas por dias, já que o sistema de saúde entrou em colapso e o sistema funerário não dá mais conta da quantidade de mortos”.
Protestos semelhantes estão sendo feitos também nos Estados Unidos, país que já tem mais de 33 mil mortes por covid-19 e que na quinta-feira bateu o próprio, com mais de 4,5 mil óbitos em 24 horas.
“A marcha da ignorância e da morte também carrega a tentativa desesperada de preservar a concentração de riqueza e obrigar os trabalhadores a escolher entre morrer de fome ou pela doença, pois o governo se nega a tomar medidas que financiem os empregos e a renda, como a revogação da EC 95/2016, a taxação das grandes fortunas, a suspensão do pagamento dos juros da dívida pública e o uso das reservas internacionais que, sozinhas, já somam mais de 350 bilhões de dólares”, dizem os dirigentes sindicais.
Na ação, as entidades apontam que buscam “a proteção tanto de direitos individuais homogêneos dos substituídos processuais – porque o retorno às atividades normais sem recomendação expressa das autoridades sanitárias neste sentido coloca em risco a integridade física e a saúde dos substituídos, que ficariam expostos diretamente, bem como seus familiares e as pessoas com as quais manterão contato, à propagação multiplicada do coronavírus e ao aumento exponencial da pandemia de COVID-19 -, quanto de direito coletivo das categorias representadas, consistente na proteção do direito constitucional à saúde”.
A ação lembra ainda os decretos dos governos estadual e municipal que declararam estado de calamidade pública e determinaram medidas de isolamento social, inclusive a “realização de eventos em local fechado ou aberto em vias e logradouros públicos ou privados, independentemente da sua característica, condições ambientais, tipo do público, duração, tipo e modalidade”.
A ação é contra o deputado Ruy Irigaray, o Estado do Rio Grande do Sul e o município de Porto Alegre. Os sindicatos pedem que o governo do Estado e a prefeitura tomem as medidas necessárias para evitar a realização da chamada “Carreata Verde e Amarela".
As entidades requerem a concessão de medida liminar de tutela de urgência para determinar ao deputado que se abstenha de promover e realizar a carreata e que comunique, em todas as suas redes sociais, o teor da medida liminar como meio de evitar ou minimizar a concentração de pessoas previamente convidadas.
A ação reivindica, ainda, que o estado do Rio Grande do Sul e o município de Porto Alegre tomem as medidas necessárias para evitar a realização do evento.
ALIÁS
Por patrocinar uma carreata que contraria as orientações das autoridades sanitárias, o deputado Ruy Irigaray deveria se inscrever como voluntário para trabalhar em serviços funerários se a situação sair do controle e o Rio Grande do Sul virar a versão brasileira de Guayaquil, no Equador, onde os corpos estão sendo jogados nas ruas porque as famílias não conseguem sepultá-los.