A decisão só será tomada nesta quarta-feira (15), depois de dissecar os resultados da pesquisa feita pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), mas a tendência é o governador Eduardo Leite estender até 30 de abril as medidas restritivas adotadas para conter o avanço do coronavírus. Estender até o fim do mês não significa engessar a atividade econômica até lá. A ideia em discussão no Piratini é abrir a possibilidade de os municípios flexibilizarem a abertura do comércio e dos serviços conforme a consolidação dos dados sobre casos e ocupação de leitos na região.
A dificuldade para tomar uma decisão que envolva todo o Estado está na demora dos hospitais em informar os dados sobre ocupação de leitos ambulatoriais e de UTI por pacientes com teste positivo para a covid-19 ou sintomáticos que aguardam o resultado do exame. Leite fez um apelo à associação dos hospitais para que as informações sejam atualizadas em tempo real.
O governador está sob forte pressão das federações empresariais, que querem a liberação das atividades econômicas, mas mantém, segundo aliados com quem conversa regularmente, a disposição de só afrouxar as restrições com base em dados da evolução dos casos.
Paradoxalmente, os dados positivos do Rio Grande do Sul, que vem conseguindo achatar a curva de contaminação e tem um baixo índice de mortes, são usados como elemento de pressão para afrouxar as restrições. A situação confirma o que disse o médico Salvador Gullo Neto, em entrevista ao Gaúcha Atualidade:
— Quanto mais o isolamento social parecer desnecessário, mais efetivo ele está sendo.
O líder do governo na Assembleia, Frederico Antunes (PP), compreende a pressão dos empresários, mas adverte que não se pode colocar em risco o que foi conquistado aqui. Usando o linguajar da Fronteira, Antunes compara a condução da crise à travessia de um rio:
— A sanga é funda, larga e tem correnteza. Agora que estamos começando a botar o queixo pra fora, não podemos correr o risco de naufragar.
Embora os números do Rio Grande do Sul indiquem que a situação está sob controle, no Brasil os dados começam a ficar alarmantes. Em 24 horas, foram 204 mortes, um crescimento de 15%, elevando o total de óbitos para 1.532. São 25,262 casos confirmados, mas só São Paulo tem 16 mil testes aguardando resultado.
Antes de anunciar o novo decreto, nesta quarta-feira à tarde, Leite vai se reunir com o Conselho de Estado, às 11h, por videoconferência. A reunião foi pedida pelo presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Voltaire de Lima Moraes, mas a pauta está em aberto.
— Como só anuncio posição sobre decreto à tarde, naturalmente deverei tratar do assunto com eles — disse o governador à coluna.
O Conselho de Estado é integrado pelos chefes de poder e dirigentes dos órgãos com autonomia financeira e administrativa.