O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
O diretório municipal do PT de Alvorada aprovou neste domingo a expulsão do vereador Juliano Roman Marinho dos quadros do partido. Marinho é presidente da Câmara do município e foi acusado de infidelidade partidária.
Em comunicado divulgado neste domingo (1º), o diretório acusou Marinho de comprometer-se com o governo do prefeito José Arno Appolo do Amaral (MDB), ao qual o partido faz oposição, e de “atuar para combater a construção da pré-candidatura majoritária do PT”.
Ainda segundo a nota, Marinho dedicou-se a um “projeto individual de poder” e tomou posicionamento que levou prejuízo à imagem pública do PT em Alvorada.
Também em comunicado, o vereador atribuiu a expulsão à possibilidade do lançamento de uma pré-candidatura a prefeito e acusou a ex-deputada Stela Farias, virtual candidata a prefeita pelo partido, de perseguição política.
Conforme o vereador, o PT de Alvorada “se tornou um clube de culto a uma personalidade, que fez da política uma fonte de emprego pra si e para os seus”.
Leia a íntegra do comunicado do diretório do PT
"Sobre a decisão de expulsão do vereador Juliano Roman Marinho dos quadros partidários do PT:
1) O estatuto do PT estabelece que a infidelidade partidária se caracteriza pela desobediência aos princípios programáticos, às normas estatutárias e às diretrizes estabelecidas pelo partido.
2) O vereador Juliano Roman Marinho, ao longo dos últimos três anos, compromete-se com o governo Apolo, contrariando a posição estabelecida pelo partido, de oposição a atual gestão. O vereador aliou-se junto ao governo do MDB, sendo um fiel defensor desta administração, além de atuar para combater a construção da pré candidatura majoritária do PT.
3) Em nenhum momento o vereador colocou em debate nas instâncias do partido suas opções e posições políticas, pelo contrário, de forma oportunista, dedicou-se a um projeto individual de poder. Tal dedicação lhe oportunizou a eleição para presidência da Câmara Municipal nos anos de 2019 e 2020. Consolidando em sua conduta perante a cidade um posicionamento político que difere das decisões do PT e que somente traz prejuízo a imagem pública do partido.
4) Em respeito as determinações estatutárias e a história de luta do Partido dos Trabalhadores, na defesa de governos comprometidos com o povo e o desenvolvimento de Alvorada, o Diretório Municipal do PT Alvorada decide pela expulsão do vereador Juliano Roman Marinho de seus quadros partidários.
5) A comunicação e os encaminhamentos necessários junto à Justiça Eleitoral ficam sob responsabilidade da Comissão Executiva Municipal.
Diretório Municipal PT Alvorada
Alvorada, 01 de março de 2020."
Leia a íntegra da manifestação de Juliano Marinho
“Carta aberta ao povo de Alvorada: os verdadeiros motivos da minha saída do PT
Depois de 24 longos anos de militância e de ter dedicado mais da metade da minha vida ao PT, ao longo dos últimos 4 anos fui vítima de uma covarde perseguição política liderada pela ex-deputada Stela Farias, que acaba com uma expulsão em rito sumário, que se aproxima mais dos tribunais de exceção da Ditadura que a esquerda combateu do que da democracia que dizem desejar.
Sou vítima de uma expulsão arbitrária, baseada no fato de que "a dona" do Partido não aceita posição divergente, nem "sombra" a sua candidatura. "Farias", fez e fará tudo ao seu alcance para manter um partido sob o seu "tacão", num partido que não deveria ter vocação para caudilhismos. Fez comigo o mesmo que já fez com outros. E ainda fará com mais alguns...
De qualquer monta, não é possível mais continuar militando ao lado dos que torcem contra a cidade quando não a governam. Continuo e sempre continuarei lutando por uma sociedade justa e com oportunidades para todos e todas, mas não consigo mais caminhar ao lado dos que fazem política com ódio e perseguição.
O PT em Alvorada se tornou um clube de culto a uma personalidade, que fez da política uma fonte de emprego pra si e para os seus. Pra mim, a política é vocação, pra mim o fazer política é um verbo a ser conjugado no plural, no coletivo e não para resolver a vida de uma pessoa.
Não estarei ao lado de quem virou às costas ao povo de Alvorada ao longo dos últimos 16 anos. Não vou defender quem não nos defendeu na Assembleia Legislativa e no governo do Estado. Se Alvorada não serviu para ser o centro do seus mandatos, não servirá para devolver um emprego para o ex-deputado que nada fez pelo povo que lhe deu 6 mandatos.
Iniciarei uma nova jornada, ao lado de homens e mulheres que acreditam que fazer política é um ato de fé e esperança, que a política deve ser um instrumento para melhorar a vida da nossa gente e não a nossa vida.
E por fim, jamais determinarão a mim o lado em que eu devo ficar. Ele já foi escolhido há muito, na minha trajetória militante: fico do lado do povo, ainda que isso desagrade aos que acham que podem apenas servir-se deles.
Juliano Marinho”