O apelo dos brasileiros retidos em Wuhan, que pedem ao presidente Jair Bolsonaro para ser resgatados na China infestada pelo coronavírus, não caiu no vazio. Depois de dizer na sexta-feira que o resgate era caro e difícil, Bolsonaro e seus ministros tiveram sensibilidade para entender que, com boa vontade, não se trata de missão impossível.
A carta divulgada no fim de semana e gravada em forma de jogral por um grupo de jovens é formal e não retrata o drama de quem está de quarentena em uma cidade isolada, sem transporte coletivo e sem saber como será o suprimento de gêneros de primeira necessidade nos próximos dias.
O piloto gaúcho Mauro Hart, que trabalkha para uma companhia aérea chinesa e mora em Wuhan, relatou a GaúchaZH como é viver na cidade isolada. No fim de semana, relatou o desejo dos compatriotas de serem resgatados, como estão sendo cidadãos de outros países.
_ O Brasil não pode ser o joãozinho do passo certo _ desabafou à coluna.
Embora o aeroporto de Wuhan esteja fechado para pousos e decolagens, a China tem aberto exceção para receber médicos e enfermeiros e para permitir que cidadãos de outros países deixem a cidade em operações organizadas por seus governos. A prova de que com algum esforço se pode repatriar os cidadãos dispostos a sair da China é o que outros países estão fazendo.
É claro que não se pode simplesmente resgatar uma centena de brasileiros e despejá-los em território nacional sem a preparação de um local adequado para passarem isolados as duas semanas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde. Nada que se assemelhe a construir um hospital em sete dias, como faz a China.
A nota divulgada ontem pelo governo informa que o Ministério da Defesa, por meio da Força Aérea Brasileira, trabalha na elaboração do plano de voo da aeronave, possivelmente fretada, que será enviada à China. Todos os brasileiros que estiverem na região de Hubei e que manifestarem o desejo de retornar, serão repatriados.
Assim que chegarem ao país, serão submetidos a quarentena, sob orientação do Ministério da Saúde.
ALIÁS
Como disse o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, não é necessária lei específica para repatriar os brasileiros retidos em Wuhan. Bastava vontade política do governo para bancar a viagem e criar as condições de segurança sanitária para receber os que lá estão em quarentena domiciliar.
O custo de mandar um avião à China para buscar os brasileiros retidos em Wuhan, capital da província de Hubei e epicentro da epidemia de coronavírus, é pouco maior do que o da viagem do ex- secretário executivo da Casa Civil José Vicente Santini, demitido por requisitar um avião da FAB para ir a Davos, na Suíça, e, de lá, voar para a Índia.