Nas entrevistas que deu após receber a proposta do governo para a recuperação das aulas nas escolas que ainda estão em greve, a presidente do Cpers, Helenir Schürer, adiantou que a resposta será negativa. Por entender que só uma minoria está disposta a manter a paralisação, o Piratini tem na manga uma alternativa para enfrentar o sindicato: abrir negociação individual com os professores interessados em receber imediatamente o salário cortado, mas descontar em seis meses os dias não trabalhados.
A ideia é que o professor que quiser negociar compareça à Coordenadoria Regional de Educação para assinar o acordo. A esses, o pagamento dos dias cortados será feito, como proposto ao Cpers, em cinco dias úteis, com o desconto posterior em seis parcelas.
Em reuniões internas realizadas depois do encontro com a direção do Cpers, o governador Eduardo Leite explicou por que não abre mão do corte do ponto. Disse que as aulas não serão recuperadas durante as férias, já que será garantido aos professores os 30 dias de folga no verão e outros 15 no inverno. E que, mesmo recuperando as aulas, a sociedade não pode dar a quem não trabalhou o mesmo tratamento dispensados aos que não fizeram greve.
A dificuldade é separar as diferentes situações. Há professores que voltaram ao trabalho no final de dezembro e já estão recuperando as aulas, outros que tentaram voltar e encontraram as escolas fechadas e os que mantêm a greve por convicção.
Por trás dessa posição, está o entendimento de que o corte do ponto é pedagógico e que, na próxima vez, os professores que decidirem entrar em greve saberão que haverá desconto dos dias parados. O entendimento no Piratini é que todos os governadores foram reféns do sindicato e que, como normalmente o ponto é cortado e, depois, as faltas acabam sendo abonadas, os professores entendem que a greve é uma decisão de risco zero.
Pelas contas do governo, hoje, somente 83 escolas ainda estão paradas. Helenir prefere contabilizar o número de professores ainda em greve. Diz que são 10 mil e que estão nas maiores escolas.
A presidente do Cpers acredita que a Justiça dará ganho de causa aos professores, embora na primeira tentativa de obter liminar contra o corte do ponto o sindicato tenha sido derrotado. Já o procurador-geral do Estado, Eduardo Cunha da Costa, tem convicção de que o Estado sairá vencedor, porque não está atrasando salários por vontade, mas por impossibilidade de quitar os débitos dentro do mês.
Nem o fato de o Sindicato dos Técnicos Científicos ter obtido liminar contra o corte do ponto a bala a confiança do procurador. Cunha da Costa justifica que "a liminar do Sintergs é de uma câmara que está fugindo do parâmetro do Órgão Especial do Tribunal de Justiça".