Ainda são embrionárias as propostas para resolver o impasse provocado pelo pedido de reajuste de 11% na tarifa, feito pelas empresas de ônibus de Porto Alegre. O prefeito Nelson Marchezan disse que não aceita a mediocridade e que vai apresentar “propostas inovadoras e estruturantes”, mas não quer antecipar quais são essas medidas ousadas.
A coluna apurou que a lógica das propostas é dividir a conta do aumento com quem não anda de ônibus. Uma das primeiras medidas cogitadas por Marchezan, ainda no ano passado, quando se reuniu com jornalistas e empresários na Associação Comercial de Porto Alegre, é cobrar uma taxa extra dos usuários de aplicativos de transporte.
A justificativa é de que foi justamente a proliferação de aplicativos uma das responsáveis pela queda no número de passageiros de ônibus, uma das alegações das empresas para a elevação da tarifa em índice três vezes maior que a inflação. O dinheiro iria para um fundo destinado a amortecer o impacto do aumento de custos.
O problema é que já existe uma lei regulamentando a atividade dos aplicativos, mas está suspensa pela Justiça.
Outra ideia de difícil aplicação que surgiu na prefeitura é cobrar uma taxa dos carros com placa de outras cidades que circulam em Porto Alegre. Não se sabe como seria feita a cobrança desse pedágio, mas a medida é polêmica, porque atingirá desde o dono da Mercedes que vem de Passo Fundo para assistir a um jogo de futebol ao pedreiro de Alvorada que trabalha na Capital.
Na lista de sugestões, que serão discutidas com ex-secretários de Transportes, está ainda o pagamento, pelas empresas privadas, de um valor por empregado que não usa o vale-transporte. Cogita-se, por fim, um adicional no preço da gasolina para ajudar a financiar a passagem.
Aliás
Qualquer proposta que implique alteração de tributos para financiar o transporte coletivo esbarra no princípio da anualidade. Só valeria em 2021, e o aumento da tarifa está previsto para o início da fevereiro.