Agora é oficial: a prefeitura de Porto Alegre vai mesmo tentar dividir o custo da tarifa de ônibus com quem não usa o sistema de transporte coletivo. Nesta segunda-feira (27) a prefeitura confirmou o conjunto de medidas que a coluna antecipou na sexta e que passam pela cobrança de um adicional nas viagens em carros de aplicativos e de pedágio dos veículos emplacados em outras cidades.
A novidade é o tamanho da pancada: R$ 0,28 por quilômetro rodado, no caso dos aplicativos, e R$ 4,70 para entrar em Porto Alegre, a título de tarifa de congestionamento. Essas são apenas duas das medidas anunciadas para reduzir o preço da passagem de R$ 4,70 para menos de R$ 4 em 2020 e para cerca de R$ 2 em 2021 (R$ 1 para estudante).
A cobrança de uma taxa das empresas privadas, de R$ 70 a R$ 120 por empregado, em substituição ao vale-transporte, beneficia o trabalhador de baixa renda, que hoje paga até 6% do salário. Pela proposta, qualquer pessoa com carteira assinada poderá circular livremente nos ônibus da Capital, sete dias por semana, sem pagar passagem.
Quando Marchezan disse que não aceitava a mediocridade e que apresentaria propostas “inovadoras e estruturantes”, deu o sinal de que estava gestando uma revolução. No caso, uma revolução socialista. Porque está propondo a socialização do custo do transporte, para que quem não precisa andar de ônibus financie o transporte de quem não tem outra opção.
Difícil será o governo obter os votos necessários em sua base para aprovar propostas que afetam a classe média ou que taxam quem entra de carro na Capital para trabalhar, passear ou consumir.
O prefeito rejeita o rótulo de “socialista” para as propostas que dividem o custo do transporte coletivo com quem não anda de ônibus. Diz que, se fosse socialista, as empresas seriam estatais ou bancadas pelo Tesouro.
A toque de caixa
A escassez de tempo para os vereadores processarem as propostas ousadas do prefeito Nelson Marchezan para reduzir a tarifa dos ônibus é um dos principais obstáculos à aprovação.
O prefeito protocolou aos projetos nesta segunda (27) para que sejam votados na quinta e na sexta-feira, em convocação extraordinária. São medidas complexas, de alto impacto na vida das pessoas e das empresas.
A justificativa é de que a celeridade se faz necessária para poder incluir os benefícios dos projetos no cálculo do valor da passagem. As empresas pediram 11% de reajuste.