Menor do que anterior, a manifestação dos professores em frente ao Palácio Piratini, nesta terça-feira (10), foi uma reafirmação da postura adotada desde que o governo apresentou o esboço do pacote: o Cpers não aceita negociação de qualquer tipo. O aceno do governador Eduardo Leite, que estuda suavizar algumas das medidas para garantir a aprovação, foi respondido com cartazes com a inscrição “RETIRA O PACOTE JÁ” em letras garrafais.
Nas ruas, os professores distribuíram folhetos com essa frase de um lado e, no verso, duas páginas de texto contra o pacote. O cartaz, com o emblema de um grupo denominado Alicerce, diz que “o governo e os grandes empresários se uniram para defender a aprovação do pacote” e “estão em campanha para destruir a escola pública”. Em letras vermelhas, o Cpers sustenta que “não há nada nesse pacote que sirva para melhorar as coisas”. E decreta: “Não há como remendar. Qualquer negociação agora é uma armadilha para nos desmoralizar”.
Além de rejeitar a mudança no plano de carreira, o Cpers não se conforma com o fim dos adicionais por tempo de serviço, com a mudança na classificação das escolas de difícil acesso e com a cobrança de contribuição previdenciária dos aposentados a partir do valor que excede um salário mínimo. Hoje, os inativos só contribuem com 14% sobre o que excede o teto do INSS, de R$ 5,8 mil. A cobrança começará tão logo seja aprovada a proposta de emenda à Constituição.
Outro foco de discórdia é a proposta do governo de pagar o subsídio conforme o nível e classe atuais e separar os adicionais em uma parcela autônoma que não teria correção e seria absorvida no salário nos próximos reajustes.
Os aliados do governo têm dito que esse ponto precisa ser alterado, para não condenar os professores mais antigos (ativos e inativos) ao congelamento eterno. A principal demanda, no entanto, é pelo aumento do valor nominal do subsídio, para que um professor em fim de carreira ganhe menos do que um servidor que acaba de ingressar na área de segurança pública.
Aliás
Enquanto parte dos servidores está em greve ou ameaça parar em protesto contra o pacote do governo, aprovados em concursos da área de segurança pressionam pela nomeação, apesar do salário atrasado e da previsão de que a crise das finanças tende a se agravar. A estabilidade ainda é o maior atrativo do setor público.
Conversa com os aliados
As bancadas do PP – partido do líder do governo, Frederico Antunes – e do Republicanos (antigo PRB) serão as primeiras na agenda de conversas do governador Eduardo Leite com os deputados da base aliada.
Leite retorna de Brasília nesta quarta-feira (11) e, às 10h, recebe os deputados do PP para esclarecer dúvidas e ouvir sugestões para aperfeiçoamento dos projetos que estão na Assembleia. Por volta das 11h, começa a conversa com os dois deputados do Republicanos.
A intenção é ouvir cada uma das bancadas entre a quarta e a quinta e encerrar a maratona com uma reunião com todos os deputados aliados. O encontro do grupo, previsto para quinta-feira, pode ser adiado para sexta-feira.