A uma semana do início da votação do mais austero pacote de reforma na carreira e na aposentadoria do funcionalismo público gaúcho, servidores realizaram protesto na Praça da Matriz, no Centro Histórico de Porto Alegre, na manhã desta terça-feira (10). O ato reuniu os mais de 30 sindicatos que integram a frente de entidades contra as medidas apresentadas pelo governo Eduardo Leite.
Os funcionários pressionam o Palácio Piratini pela retirada das propostas protocoladas na Assembleia Legislativa. De cima do carro de som, sindicalistas revezaram-se em discursos inflamados.
– Dia 17, Porto Alegre vai parar – disse a presidente do Cpers-Sindicato, Helenir Schürer, em referência à data marcada para a análise do pacote pelos deputados.
Munidos de bandeiras, cartazes e imagens de uma caixa de leite escrito "Leite Mente", os servidores ocuparam parte da Praça da Matriz aos gritos de "caloteiro". O acesso ao Piratini foi bloqueado por gradis, enquanto policiais militares se posicionaram em frente à porta de entrada do prédio durante o ato.
Por volta das 11h, os manifestantes saíram em caminhada até os fundos da Secretaria da Fazenda do Estado, na Rua Siqueira Campos. Agentes da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) acompanharam o deslocamento pelas vias do centro, que interrompeu o trânsito e provocou congestionamentos nas redondezas. O edifício da secretaria também foi isolado por policiais militares, incluindo homens do Comando de Operações Especiais (COE).
– Ei, você aí fardado, também recebe parcelado – gritaram os manifestantes.
Por depois do meio-dia, os servidores dispersaram-se, encerrando o ato.
Leite cumpre agenda em Brasília
Apesar do protesto barulhento, o inquilino do Palácio Piratini não ouviu os pedidos de retirada das propostas entoados ao microfone pelos sindicalistas. Leite embarcou para Brasília pela manhã para participar de audiências com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso.
Segundo a assessoria do governador, a agenda em Brasília estava marcada "há tempos". Para esta terça-feira, estava prevista uma reunião do Fórum de Governadores. O evento, contudo, foi cancelado na semana passada, mas Leite decidiu manter a viagem porque havia confirmado a ida aos demais compromissos.
Leite retorna à Capital na manhã de quarta-feira (11), quando retomará as negociações para reestruturar sua base aliada na tentativa de aprovar as medidas. Para superar a resistência dos parlamentares, o governador discute mudanças no plano de carreira do magistério, que deverá ter o valor do subsídio dos professores com ensino superior e pós-graduação elevado.