O abalo provocado no MDB pela prisão do vereador André Carús, acusado de extorquir assessores, deve ter impacto na eleição para prefeito de Porto Alegre. No dia 24 de agosto, Carús tinha sido escolhido por consenso o presidente municipal do MDB. A ele caberia negociar as alianças para 2020 e coordenar a escolha do candidato ao Paço Municipal.
Logo depois de ser preso, Carús, que nega as acusações, pediu afastamento do cargo de presidente. Em seu lugar assumiu o 1º vice-presidente, deputado estadual Tiago Simon.
“O partido entende que os fatos devem ser apurados pelas instituições competentes e espera que a verdade apareça”, diz a nota divulgada pelo MDB horas após a prisão.
Próximo de Carús e mais cotado para concorrer à sucessão de Nelson Marchezan, o deputado Sebastião Melo está arrasado:
— Estamos todos abalados. O pai dele teve uma bela história de resistência à ditadura. André começou a vida trabalhando com Pedro Simon, passou pelos gabinetes de José Ivo Sartori e de Maria Helena Sartori e chegou à Câmara. Sempre foi um vereador combativo.
Melo considera a denúncia gravíssima, mas diz que não julga o colega de partido:
—Não acuso nem absolvo. Tem de deixar o processo correr. Claro que isso terá impacto na eleição, mas é preciso esperar a conclusão do inquérito.
Porto-alegrense, 37 anos, formado em Direito, Carús filiou-se ao MDB aos 16 anos. Concorreu a vereador com o apoio de Simon e era, até ontem, uma aposta de renovação.
Com três vereadores do MDB avaliando a possibilidade de sair do partido (Valter Nagelstein, Mendes Ribeiro e Nádia Gerhard), a bancada corre o risco de extinção na eleição de 2020, se não conseguir compor uma lista sólida de candidatos.
Aliás
Por ser ligado à ala do MDB que se define como “ética” e criticar os caciques nacionais do partido, André Carús acabou virando motivo de chacota em grupos de WhatsApp de políticos.
O ex-ministro Carlos Marun, que há pouco tempo deixou um grupo depois de ser ofendido por Carús, comentou a prisão em outro chat.
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