Até eclodir a guerra no PSL, a CPI das Fake News despertava interesse restrito, mas três personagem deram combustível à investigação, que vai além das notícias falsas disseminadas nas redes sociais por políticos interessados em prejudicar os adversários. São eles: os deputados Alexandre Frota (hoje no PSDB), Joice Hasselmann (PSL-SP) e Delegado Waldir. Pelo potencial de fazer estragos, a CPI, antes tratada com desdém, passou a figurar entre as preocupações do Palácio do Planalto.
A comissão ainda vai analisar pedido de convocação do vereador Carlos Bolsonaro. Na quarta-feira passada, a CPI decidiu convocar auxiliares do presidente Jair Bolsonaro, como o secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten, e o assessor especial Filipe Martins, além de integrantes do chamado "gabinete do ódio".
Frota deve depor na quarta-feira e, pelo que vem dizendo nas mesmas redes que no passado usava para difamar inimigos de Bolsonaro: vai soltar o verbo.
Joice, que na campanha de 2018 propagava notícias falsas, foi convocada a depor depois de dizer que sabe o que os filhos do presidente fizeram no verão passado. Ela acusa os irmãos Flavio, Eduardo e Carlos de comandarem uma rede de 1,5 mil perfis falsos.
Destituído da liderança do PSL e substituído por Eduardo Bolsonaro, o Delegado Waldir já ameaçou implodir o presidente, em reunião do partido, gravada por um aliado infiltrado. Depois, recuou, mas ninguém tem certeza se estava blefando ou se tem uma carta na manga.
A CPI investiga não apenas a ação das milícias digitais na campanha de 2018, mas mentiras e calúnias envolvendo celebridades como o médico Dráuzio Varella, o cantor Caetano Veloso, a atriz Taís Araújo e a apresentadora de TV Maria Júlia Coutinho.
Hora certa, hora errada
Existe hora certa e hora errada para criminalizar uma conduta criminosa como a propagação de notícias falsas para difamar um adversário? O chefe da Advocacia-Geral da União, André Mendonça, acha que sim.
Em entrevista ao portal UOL e à Folha de S.Paulo, Mendonça disse que não é hora de criminalizar as fake news. O ministro argumentou que o calor da polêmica sobre o tema pode levar a punições desproporcionais ao que chamou de “exageros na liberdade de expressão”.
– Quando alguns nervos estão à flor da pele, a tendência de se cometerem erros é maior.