Uma semana se passou desde que veio à tona a informação de que foi a ex-deputada Manuela D'Ávila (PCdoB) quem fez a ponte entre o hacker Walter Delgatti Neto e o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, e até agora ela não deu entrevista para esclarecer as dúvidas remanescentes sobre seu papel.
No dia 26 de julho, quando se tornou público o depoimento do hacker, Manuela emitiu uma nota oficial dizendo que, no dia 12 de maio, foi comunicada pelo aplicativo Telegram de que sua conta havia sido invadida. Em seguida, uma pessoa teria mandado mensagem informando que dispunha de "provas de graves ilícitos praticados por autoridades brasileiras". Ela, então, teria repassado ao invasor o contato de Glenn.
Há divergências entre a versão de Manuela e o depoimento de Delgatti. Ele disse à Polícia Federal ter informado a Manuela que pretendia entregar o material a Glenn, que conhecia por sua atuação no caso Wikileaks, e que 10 minutos depois do contato recebeu uma mensagem do jornalista americano, a quem repassou o material que vem sendo divulgado desde 9 de junho.
No dia 28 de julho, Manuela escreveu em seu perfil no Twitter: "A máquina de fakenews está a todo vapor. A verdade é que 1) estou fora do Brasil desde 23/6. Adquiri passagens em 14/2 pois efetuei matrícula em curso no dia 27/1. Tenho tudo documentado, para além de boa memória, meu ascendente em virgem faz com que guarde comprovantes".
A ex-deputada se comprometeu a entregar seu celular para perícia, mas não responde aos pedidos de entrevista. Seu advogado, o ex-ministro José Eduardo Cardozo, admitiu falar com a Rádio Gaúcha na segunda-feira passada, desde Portugal, mas depois alegou falta de tempo e não atendeu mais à produção.
De lá para cá, Manuela (que está na Europa) se mantém ativa nas redes sociais, mas não responde aos pedidos para esclarecer os pontos controversos. Há diferenças entre as duas versões.
Nesta sexta-feira (2), no início da tarde, Manuela escreveu: "Num dia o Presidente muda a presidência da comissão da memória e verdade para tentar mudar a história da ditadura. No outro, demite o presidente do Inpe por não aceitar os números do desmatamento".
Na quinta-feira, já havia criticado o presidente Jair Bolsonaro em outro post: "Primeiro, por represália, a procuradora regional da república Eugênia Gonzaga foi destituída da presidência da Comissão sobre Mortos e desaparecidos políticos. O nomeado além de comemorar o golpe militar responde a processo por ter vazado edital em SC para esposa e a cunhada".
O presidente estadual do PCdoB, Adalberto Frasson, disse à coluna que Manuela só deve se manifestar quando retornar ao Brasil, na metade de agosto.