Ao anunciar a intenção de mudar a forma de rateio de uma parte do ICMS, para estimular os municípios a investirem em educação, o governador Eduardo Leite admitiu que a inspiração vinha do Ceará. Por que o Ceará? Porque o Estado nordestino tem conseguido uma evolução notável nos índices de avaliação da educação, apesar de ser mais pobre do que o Rio Grande do Sul e de o salário médio pago aos professores ser inferior.
Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, o secretário executivo de Planejamento e Gestão do Ceará, Flávio Ataliba, detalhou a receita de sucesso da gestão. É essa receita que será apresentada a técnicos do governo gaúcho na próxima semana, a convite de Leite.
Uma das chaves para entender o bom desempenho dos estudantes cearenses em testes de avaliação (e a boa posição do Estado no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o Ideb) é continuidade. Muda o governador, mudam os prefeitos, mas as políticas que vêm dando certo continuam.
No último Ideb, 77 das cem melhores escolas públicas de Ensino Fundamental eram do Ceará. Em 2018, no vestibular do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), 40,9% dos aprovados vieram de escolas cearenses. Levando-se em conta o número de inscritos de cada Estado, o Ceará aprovou 3,93% dos candidatos, São Paulo 1,21% e o Rio Grande do Sul apenas 0,45%.
A profissionalização dos gestores de escolas e a escolha de técnicos para as secretarias municipais de Educação estão entre as explicações para os bons resultados. Como a preocupação é elevar a régua de todo o sistema de ensino e não apenas criar bolsões de excelência, as melhores escolas são obrigadas a adotar as de pior desempenho para ajudá-las a melhorar.