Adversários no segundo turno da eleição de 2018, o presidente Jair Bolsonaro e professor Fernando Haddad serão agraciados com a medalha do Mérito Farroupilha. A homenagem aos dois foi aprovada hoje, na mesma reunião da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa.
A homenagem a Bolsonaro foi proposta pelo deputado Vilmar Lourenço (PSL) e teve, conforme a ata da reunião, quatro votos favoráveis, duas abstenções e um contrário. Votaram a favor os deputados Zilá Breitenbach (PSDB), Ernani Polo (PP), Vilmar Zanchin (MDB) e Elisandro Sabino (PTB). Luiz Marenco ((PDT) e Edegar Pretto (PT) se abstiveram, enquanto Sergio Peres (PRB) votou contra.
A concessão da medalha para Haddad, proposta por Luiz Fernando Mainardi (PT), foi aprovada por um voto mais. Além dos quatro que concordaram em homenagear Bolsonaro, o deputado Edegar Pretto votou a favor. Marenco se absteve e Sergio Peres repetiu o voto contra. À coluna, Marenco disse que e a votação foi confusa e que, na verdade, ele é contra a concessão da medalha tanto a Bolsonaro quanto a Haddad:
_ Também votei contra quando o deputado Ruy Irigaray propôs uma medalha para o deputado Eduardo Bolsonaro, que nada fez pelo Rio Grande do Sul. O argumento dele, de que Eduardo tem mais de um milhão de seguidores nas redes sociais, não pode ser motivo para receber a maior honraria da Assembleia.
Marenco propôs à mesa que rediscuta os critérios para as homenagens, para que efetivamente só recebam o mérito farroupilha pessoas que fizeram alguma coisa concreta pelo Estado.
A data da entrega ainda não está definida. Vai depender da agenda dos homenageados. Mainardi espera que Haddad venha a Porto Alegre ainda antes do recesso.
Pedido de vista
Na mesma reunião, Zanchin pediu vista da proposta do colega Eric Lins (DEM), de concessão do título de deputado emérito a Henrique Fonseca de Araújo, pai do ministro das Relações Exteriores, Henrique Araújo. Eric admite que só tomou conhecimento da existência de Araújo quando o filho foi escolhido chanceler, mas resolveu "corrigir uma injustiça", por entender que Henrique não foi homenageado antes por questões ideológicas.
_ Quando o filho foi escolhido ministro, a esquerda passou a atacar o pai, acusando-o de ter protegido um nazista, quando tudo o que ele fez foi respeitar a legislação vigente.
Araújo pai foi criticado por de ter dado parecer contrário aos pedidos de extradição do criminoso nazista Gustav Franz Wagner feitos por Israel, Polônia e Áustria. À época procurador-geral da República, Araújo alegou que Israel não tinha legitimidade para fazer o pedido porque à época dos crimes não era um Estado, a Áustria não poderia fazer o pedido porque Wagner já não era cidadão austríaco e, pelas leis da Polônia, onde comandou o campo de concentração de campo de concentração de Sobibor, os crimes já estariam prescritos. O então procurador só avalizou um parecer favorável ao pedido da Alemanha, mas o Supremo Tribunal Federal negou a extradição e o nazista, conhecido como a besta de Sobibor e responsabilizado pela morte de mais de 250 mil pessoas morreu em solo brasileiro sem ser punido pelos crimes de que era acusado.
Lins enumera os motivos para justificar o título de deputado emérito a Henrique Araújo:
1. Participou da Assembléia Constituinte Gaúcha como vice-presidente e ajudou a preparar o anteprojeto da Constituição Estadual.
2. Autor do Anteprojeto da EC da reforma do poder Judiciário e da Lei Orgânica da Magistratura.
3. Ocupou os cargos de Promotor de Justiça antes de suas 3 eleições e de Procurador Geral do Estado depois.
4. Professor de Direito em diversas Universidades do Estado, como a PUC, a Faculdade de Direito de Pelotas e a de Caxias do Sul.
5. Assessor do Ministro da Justiça Mem de Sá e em seguida 4º Subprocurador Geral da República.
6. Assumiu a cadeira de Procurador Geral da República no governo de 1974-1979.
7. Diretor do Jornal O Estado do Rio Grande e membro da Associação Rio-Grandense de Imprensa.
_ Essas funções, somadas, denotam a envergadura do trabalho desenvolvido pelo parlamentar em toda a sua trajetória profissional, tanto na atividade legislativa quanto na jurídica que se deu antes e depois dos mandatos parlamentares. A homenagem póstuma corrige a perda da oportunidade de tal honraria ter sedado em vida, mas pode ser reconhecida agora _ argumenta.