Deputados estaduais de diferentes partidos cansaram da postura e do palavreado chulo do estreante Rodrigo Maroni (Pode) e pretendem dar um ultimato ao colega de parlamento para evitar que o tema acabe na Comissão de Ética da Casa. Na próxima terça-feira (4), o constrangimento com Maroni deve ser debatido na reunião dos líderes da Assembleia Legislativa.
A gota d’água ocorreu nessa terça-feira (28), quando Maroni subiu à tribuna da Assembleia e passou a criticar, nominalmente, um representante sindical que estava nas galerias acompanhando a votação. Ao ser vaiado, Maroni ampliou as críticas e disse estar “cagando e andando”.
A expressão, ainda que mais leve que outras usadas pelo parlamentar nas últimas semanas, fez o presidente da Casa, Luis Augusto Lara, silenciar o microfone de Maroni e pedir, mais uma vez, que o trecho da fala fosse retirado dos registros. Virou rotina pedir que a taquigrafia suprima dos anais trechos das manifestações grosseiras do deputado.
— Não é uma questão de direita ou de esquerda, é comportamental. Ali no plenário é onde a vida dos gaúchos é decidida, por isso há uma solenidade. Ainda que o conteúdo seja o mais importante, tem uma forma mínima a ser respeitada. Quando se usa uma expressão considerada "não parlamentar", está se descumprindo o regimento. Ontem houve um sinal amarelo para esse tipo de manifestação e, a partir daí, pode haver encaminhamento para a Comissão de Ética — alertou o presidente da Assembleia.
Além de Edson Brum (MDB), que propôs levar a discussão para a reunião de líderes da Assembleia, o deputado Edegar Pretto (PT) também usou a tribuna para defender o respeito com quem assiste às sessões.
— O respeito tem que começar pelos parlamentares. Chega de deputados acharem graça quando outro deputado fala palavrão. Isso não tem graça, isso é sério, é proibido e fere o decoro parlamentar. A tribuna é local sagrado — disse Pretto, nesta quarta (29).
Procurado pela coluna, Maroni afirmou que vai “refletir” sobre as críticas e argumentou que utiliza na tribuna o mesmo linguajar presente no restante de sua vida.
— Eu acredito que são forças de expressão que eu utilizo, sou absolutamente espontâneo. Minha forma de expressar sempre foi assim, eu nunca me burocratizei para estar no espaço que estou. São forças de expressão porque falo com paixão. Comissão de Ética é para coisas graves, não para expressão do linguajar, até porque tem deputados que têm sotaques, gírias e sempre foi considerado normal, assim como eu utilizo determinadas linguagens. Mas eu espero refletir, pensar, tentar conter, se há algum tipo de animosidade. Para mim é bastante difícil não falar palavrões porque faço política com coração — disse Maroni, acrescentando ter visto uma pesquisa que indica que as pessoas que falam palavrões são mais sinceras.