Candidato ao governo do Rio Grande do Sul em 2018, Mateus Bandeira anunciou nesta terça-feira (3) que deixará o Partido Novo. Em entrevista ao programa Terça-Livre, no Facebook, o economista afirmou que está descontente com as ações tomadas pela direção do Novo no Estado.
— Tenho uma série de divergências com algumas decisões com a estrutura de governança, enfim, com as políticas internas do Novo, o que me trouxeram muita insatisfação, muita reflexão. Tomei a decisão de me desfiliar. Devo entregar a carta de desfiliação talvez ainda hoje (terça-feira). Tive muitas frustrações durante a campanha por defender coisas que eu acredito — disse Bandeira.
À coluna, disse que esperava ter sido consultado sobre a estratégia do Novo para as eleições de 2020, que avalia ter sido equivocada:
— Recentemente, o Novo estabeleceu regras iguais para todos os municípios, o que acabava limitando a possibilidade de candidaturas competitiva em cidades menores. Ninguém foi chamado para participar desse processo.
Para a eleição do próximo ano, o Novo escolheu 27 cidades pré-definidas para uma espécie de gincana. Os integrantes do partido nesses municípios teriam de alcançar o número mínimo de 150 filiados, apresentar postulante à prefeitura, que passaria por processo seletivo específico para o cargo, e demonstrar capacidade de suportar uma eleição majoritária e de vereadores. O programa também estabeleceu como cidades-alvo Porto Alegre, Caxias do Sul, Pelotas e Canoas, todas com mais de 300 mil habitantes e com maiores chances de candidatura em 2020.
Bandeira pretende ficar sem partido por um bom tempo. Há três meses vem trabalhando na estruturação de uma "butique de investimentos". Por ora, diz que não deseja assumir cargos no setor público, embora tenha recebido convites para trabalhar no governo federal:
— Recebi diversos convites, mas recusei. Boa parte da minha vida passei no setor público, o que eu não quero agora.
Não passa pela cabeça do economista participar da eleição em 2020:
— Em hipótese nenhuma, nunca tive pretensão de ser prefeito. Recebo muitas mensagens de apoio para isso, mas não tenho o menor perfil pra ser prefeito.
Além dele, outras dezenas de pessoas que concorreram a cargos públicos se desfiliarão, entre elas a jornalista e cientista política Fernanda Barth.
— A direção aqui é autoritária, centralizadora. É muito subordina à direção nacional — diz Fernanda, que ainda não definiu se entrará para outro partido.
Uma carta será divulgada nesta noite nas redes sociais informando os motivos da debandada.
O Partido Novo no Rio Grande do Sul divulgou nota informando que ainda não recebeu comunicação oficial sobre os pedidos de desfiliação e que as críticas "se referem a normas e ações previstas em estatuto".
Leia nota completa:
"A respeito da notícia de que membros do Partido NOVO RS estariam deixando a sigla, o diretório estadual informa que ainda não recebeu nenhuma comunicação oficial sobre tais pedidos de desfiliação e tomou conhecimento do fato pela imprensa.
Sobre as críticas mencionadas como os motivos para a saída do partido, o diretório destaca que os apontamentos se referem a normas e ações previstas em estatuto, que são apresentadas a todos os filiados, assim que aderem à sigla e fazem parte da história de atuação do NOVO desde sua fundação. O Presidente Estadual Guilherme Enck pontua, no entanto, a contribuição positiva dos membros, em especial Mateus Bandeira, que foi candidato ao governo estadual pela sigla. “Mateus é um excelente profissional, fez uma campanha honrada e representou nossos valores de forma exemplar e tem condições, como poucos, de ajudar o Brasil a melhorar em diversas áreas da gestão pública".
A atuação do NOVO se distingue dos demais partidos, mantendo a atuação política separada da gestão partidária, o que se evidencia como pilar destes descontentamentos, argumenta o dirigente. “O NOVO pautou seu crescimento para 2020 de forma que pudesse ser mais competitivo no RS e Brasil, mas também pudesse crescer com a convicção de que quem está aderindo a sigla tenha a adesão aos princípios e diferenciais estatutários. Não é prudente abrir 100 diretórios e acabar 2020 com 100 candidaturas "laranjas", completa. O partido celebra os resultados dessa estratégia, tendo crescido 40% o número de filiados ativos no RS em menos de três meses".