Se tivesse dinheiro sobrando, o Rio Grande do Sul poderia escolher entre a concessão de rodovias à iniciativa privada e a manutenção e ampliação com recursos próprios. Como já gasta mais do que arrecada, sem conseguir manter as estradas em condições mínimas de trafegabilidade, as concessões se transformaram na única saída possível para as mais movimentadas e que precisam de duplicação. É o caso da RS-287, que entrou no primeiro pacote anunciado ontem no lançamento do programa RS Parcerias.
Com a capacidade de endividamento esgotada, também não é possível tomar empréstimos, como fez o governo Tarso Genro, e que permitiu a seu sucessor, José Ivo Sartori, recuperar mais de 3 mil quilômetros de rodovias em quatro anos. Agora, essa fonte também secou.
O lançamento do programa só foi possível no terceiro mês de governo porque Sartori deixou de herança os estudos para a concessão da RS-287, entre Tabaí e Santa Maria, e da RS-324, também conhecida como Estrada da Morte, entre Nova Prata e Passo Fundo, além da estação rodoviária de Porto Alegre e do parque zoológico de Sapucaia do Sul. O investimento previsto é de R$ 3,5 bilhões em 30 anos.
O preço máximo do pedágio é salgado: R$ 5,93 nas cinco praças da BR-287, o que significaria um gasto de R$ 59,30 numa viagem de ida e volta entre Tabaí e Santa Maria. Quem vai de Porto Alegre a Santa Maria terá de pagar ainda R$ 4,30 (nos dois sentidos) na BR-386, concedida à CCRSul.
A expectativa do governo é de que, no leilão, os concorrentes ofereçam tarifas menores. Nas duas praças previstas da RS-324, o preço máximo é de R$ 9,64.
Administrada pela EGR no trecho Tabaí-Paraíso do Sul, a RS-287 é alvo constante de reclamações dos usuários, que pagam R$ 7 de pedágio em cada passagem pelas duas praças, mas trafegam numa rodovia não duplicada, com defeitos na pista e no acostamento. A promessa é de duplicação de todos os 204,5 quilômetros nos primeiros 11 anos dos 30 de concessão.
Com dinheiro do orçamento, não há, no horizonte, perspectiva de duplicação dessas rodovias e de outras que entrarão nos próximos lotes, caso da RS-122, entre São Vendelino e Caxias do Sul, e a RS-115, entre Taquara e Gramado.