Os 16 secretários já anunciados pelo futuro governador Eduardo Leite formam um time plural, com maioria vinculada aos partidos políticos que o apoiaram na eleição ou atenderam ao convite para participar do governo. São nove os secretários com perfil político, mesmo que indicados na cota pessoal do governador, e sete os técnicos.
Com esse arranjo, Leite já tem os 33 votos necessários para mudar a Constituição na Assembleia, mas trabalha para atrair mais sete deputados — quatro do PSL, dois do DEM e um do PSD — e assim garantir a aprovação de projetos polêmicos sem as dificuldades enfrentadas por José Ivo Sartori.
Apesar de o deputado eleito Luciano Zucco ter dito que só aceitaria uma secretaria se fosse a da Segurança, Leite ainda espera convencê-lo a aceitar a Administração Penitenciária. A lógica é que sua experiência de 27 anos no Exército qualificaria uma secretaria considerada estratégica, pelo entendimento de que não há como obter resultados positivos na segurança pública sem um sistema prisional eficiente.
Depois dos sete anunciados nesta sexta-feira (21), ainda falta o governo apresentar os titulares de seis pastas: Saúde, Educação, Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Administração Penitenciária e Secretaria de Articulação e Apoio aos Municípios (Escritório de Projetos).
A ala política ganhou nesta sexta o reforço de seis nomes com experiência nas urnas: Ana Amélia Lemos (Relações Federativas e Internacionais), Covatti Filho (Agricultura), Juvir Costella (Transportes), Catarina Paladini (Cidadania e Direitos Humanos), José Stédile (Obras) e João Derly (Esporte e Lazer). A relação com os partidos é considerada essencial para garantir a aprovação de projetos na Assembleia. Por natureza, todos são articuladores.
A secretaria de Ana Amélia será mesmo uma espécie de embaixada do Rio Grande do Sul em Brasília e terá um papel adicional de relações internacionais.
— É lá que estão as representações de todos os países. Como queremos atrair investimentos internacionais, é importante abrir esse canal — justifica o futuro chefe da Casa Civil, Otomar Vivian.
Ana Amélia, conhecida no Senado como incansável, destaca os pontos que devem ocupar sua agenda a partir de março, já que só assumirá a secretaria ao término do mandato:
— A pauta de Brasília é federativa. A dívida, a crise dos municípios, os empréstimos internos e internacionais, as demandas do Estado no Supremo Tribunal Federal. Serão necessárias muitas articulações com o governo federal, especialmente na Fazenda e na Agricultura.
A área técnica também ganhou um reforço importante, o do professor Luís da Cunha Lamb, na Secretaria da Inovação, Ciência e Tecnologia. Lamb é um dos mais entusiasmados integrantes do Pacto pela Inovação. O professor planeja seguir com suas atividades de pesquisa durante a noite e aos fins de semana. Logo depois de anunciado, disse que manterá, inclusive, a orientação de cinco mestrandos e doutorandos no Programa de Pós-Graduação da UFRGS.