A Previdência está no centro da mais nova polêmica da campanha de Jair Bolsonaro. No mesmo dia em que o deputado Onyx Lorenzoni disse que o assunto só será discutido em 2019, Bolsonaro anunciou que, que se for eleito, vai procurar a equipe do governo Michel Temer responsável pela reforma da Previdência para apresentar a sua proposta. Segundo ele, o ato seria “um grande passo”:
— Não podemos é passar para o ano que vem sem fazer a reforma da Previdência. Vamos apresentar uma proposta que tenha aceitação do parlamento. A proposta do Temer como está, se bem que ela mudou dia após dia, dificilmente será aprovada .
A manifestação contraria o que disse Onyx, ao rechaçar a ideia de Temer de colocar o projeto do governo atual em votação depois do segundo turno, agora que deputados e senadores não teriam que se preocupar com popularidade. O deputado gaúcho já foi citado por Bolsonaro como provável chefe da Casa Civil. É mais um a ser desautorizado, depois de Paulo Guedes e do general Hamilton Mourão.
–Se ele ganhar a eleição no dia 28, que nós acreditamos que vai, vamos tratar desse assunto dia 1º de janeiro de 2019, nem um dia antes – avisou Onyx.
Bolsonaro reconhece a necessidade de uma reforma da Previdência, mas seu plano de governo não especifica como será. Diz apenas que “a grande novidade será a introdução de um sistema com contas individuais de capitalização”. Nada se sabe sobre idade mínima, tempo de contribuição, modelo de transição, aposentadorias especiais para professores e militares, como existe hoje.
Para evitar polêmicas, o economista Paulo Guedes, que será ministro da Economia se ele for eleito, está seguindo o voto de silêncio imposto no primeiro turno.
– O Jair não era a favor dessa reforma, eu não sou a favor dessa reforma, a maioria das pessoas que apoiam o Bolsonaro não são a favor da reforma que o Temer propôs porque ela é ruim, uma porcaria – disse Onyx.
Pelos cálculos de Onyx, a bancada de Bolsonaro na Câmara terá pelo menos 350 deputados. Além do PSL, que elegeu 52 deputados, entram nessa contabilidade ruralistas, evangélicos e defensores da liberação do porte de armas. Com 350 deputados, um governo aprova a reforma que quiser na Câmara, já que, para emendar a Constituição, bastam 308. No Senado, são necessários 49 votos.