A realidade, mais do que a entrevista confusa da presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Rosa Weber, atesta que, na prática, a sociedade perdeu a batalha contra as notícias falsas na campanha. Toda aquela conversa inicial de que a Justiça estava preparada para combater as chamadas fake news na internet revelou-se ingênua, para dizer o mínimo.
Embora sustente que não houve falha do TSE no combate às fake news, Rosa Weber reconheceu que a velocidade no compartilhamento de informações dificulta o seu controle e que “ainda não descobriu o milagre” para evitar o problema.
– Gostaríamos de ter uma solução pronta e eficaz, de fato, não temos. Se tiverem a solução, por favor, nos apresentem. Ainda não descobrimos o milagre.
A própria Justiça Eleitoral foi alvo de uma enxurrada de notícias falsas envolvendo a credibilidade da urna eletrônica e o que aconteceu? Apenas uma pessoa foi indiciada pela Polícia Federal, uma profissional de educação física do Rio Grande do Sul, que divulgou um vídeo absurdo sobre fraude nos votos do Nordeste.Os figurões com cargo público ou mesmo candidatos que infestaram o YouTube e o Facebook com aberrações do gênero não foram molestados. Se a Justiça Eleitoral não conseguiu conter as notícias falsas envolvendo a própria credibilidade, divulgadas em redes públicas, o que dizer dos casos de calúnia e difamação que circulam no subterrâneo do WhatsApp?
A investigação sobre a suposta compra de pacotes de mensagens contra a candidatura de Fernando Haddad, por empresários aliados de Jair Bolsonaro, deve dar em nada. Como disse Rosa Weber, “o Direito tem o seu tempo”. O tempo da política é outro. A eleição é no próximo domingo. Bolsonaro fez uma defesa prévia ao dizer que desconhece os contratos e que não tem como controlar o que seus apoiadores fazem.
Ainda que os pacotes venham a ser proibidos por lei ou vetados pelo próprio WhatsApp, não há como controlar as mentiras disseminadas nas redes pessoais por má-fé ou por ignorância. Os veículos de comunicação, que investiram em programas de checagem, não conseguiram concorrer com o manjado “compartilhe sem dó”, recado que acompanha a maioria das notícias falsas.