As quase duas horas de debate na RBS TV, nesta quarta-feira (3), serviram para o eleitor que ficou acordado até a meia-noite conhecer melhor as propostas de cinco dos sete candidatos ao Piratini que disputam seu voto na eleição de domingo. Mateus Bandeira (Novo) e Julio Flores (PSTU) não participaram porque seus partidos não têm pelo menos cinco deputados federais, critério definido em lei para o convite obrigatório. Eduardo Leite (PSDB), Jairo Jorge (PDT), José Ivo Sartori (MDB), Miguel Rossetto (PT) e Roberto Robaina (PSOL) protagonizaram um debate acirrado, sem descambar para os ataques.
Tanto nas perguntas de tema livre quanto nas de assuntos escolhidos pela produção, foi possível aprofundar as propostas dos candidatos para questões cruciais como crise das finanças, retomada do desenvolvimento, educação, segurança, saúde e estradas. Em comparação com o primeiro confronto, realizado na Rádio Gaúcha no primeiro dia de campanha, os cinco mostraram que ganharam prática nesse período.
Empatados em primeiro lugar nas pesquisas, Leite e Sartori foram os principais alvos dos adversários e trocaram farpas entre si. Foi o governador quem instou o tucano a explicar a incoerência entre seu discurso favorável às privatizações e o movimento que comandou para barrar o plebiscito para a venda da CEEE, da CRM e da Sulgás. Leite disse que considera inadequado misturar o plebiscito com uma eleição, encurtando o prazo de debate. Um acusou o outro de estar agindo com viés eleitoreiro.
Sartori foi cobrado por todas as mazelas do governo: atraso nos salários, situação das escolas, baixos índices de aprendizagem, falta de segurança. Defendeu o governo com unhas e dentes e, em alguns momentos, levantou a voz para contestar acusações, principalmente as feitas por Rossetto, que foi o mais incisivo nas cobranças. Lembrou da crise que herdou do governo Tarso Genro, disse que o petista faltou com a verdade quando incluiu o Banrisul entre as estatais cuja privatização está prevista no acordo de adesão ao regime de recuperação fiscal e ressuscitou um tema de duas décadas:
— O PT mandou a Ford embora.
No papel de franco-atirador, Robaina fustigou todos os candidatos e foi o primeiro a questionar Leite sobre problema dos exames de pré-câncer em Pelotas, tema que incomoda o tucano, principalmente quando precisa explicá-lo em pouco tempo. Leite defendeu-se da acusação de omissão e lembrou que a Justiça lhe deu direito de resposta diante de uma acusação sem provas feita pelo candidato Júlio Flores em entrevista ao Jornal do Almoço.
Jairo Jorge reforçou a cobrança de Robaina e apresentou as provas de que duas médicas levantaram dúvidas sobre os exames e que a prefeitura demorou para agir.
Rossetto reafirmou a promessa de pagar os salários em dia já no primeiro mês de governo. Disse que não há dinheiro para tudo, mas que o governador precisa eleger prioridade e a dele é pagar os servidores.