Os servidores do Executivo foram surpreendidos no final da tarde desta terça-feira (14) com a quitação dos salários acima de R$ 8 mil. A previsão inicial do governo era de só concluir o pagamento da folha depois do dia 21 de agosto. Para quitar os salários, a Secretaria da Fazenda deixou para trás outras contas que somam cerca de R$ 600 milhões e que terão de ser pagas até 31 de agosto.
O salário dos 34 mil servidores que ganham acima de R$ 8 mil e respondem por 7% da folha do Executivo exigiu R$ 307,4 milhões, que o governo só conseguiu reunir juntando o saldo da arrecadação de ICMS e recursos do caixa único. Se tivessem faltado R$ 20 milhões, seria preciso aguardar até o dia 21 para concluir o pagamento.
A entrada de receitas tem um vácuo entre os dias 12 e 21, período em que, tradicionalmente, os cofres ficam raspados. Ficaram para os últimos 10 dias de agosto R$ 173 milhões do repasse das consignações, R$ 204 milhões para a saúde (a maior parte só será paga após o dia 27), R$ 18 milhões do transporte escolar (com previsão de pagamento no dia 29) e R$ 30 milhões do custeio de outras secretarias, além de outros fornecedores com valores menores a receber.
Os funcionários com vencimento líquido entre R$ 4,5 mil e R$ 8 mil haviam recebido na segunda-feira. No último grupo estão o governador, o vice-governador e os secretários.
A folha líquida de julho fechou em R$ 1,217 bilhão, valor pouco inferior ao rombo financeiro registrado a cada mês. A receita líquida ficou em R$ 2,320 bilhões, enquanto as despesas alcançaram R$ 3,542 bilhões. Mesmo com o saque de R$ 140 milhões do caixa único, o rombo em julho ficou em R$ 1,081 bilhão.
Candidato à reeleição, o governador José Ivo Sartori começa a campanha eleitoral com o salário dos servidores em dia, mas a tendência é que atrase de novo bem no período em que se inicia a propaganda de rádio e TV. A esperança de voltar a pagar em dia continua sendo a abertura do capital da Banrisul Cartões, que deve render mais de R$ 2 bilhões, mas a operação está suspensa à espera de condições mais favoráveis. A crise na Turquia é o mais recente fator de instabilidade no mercado financeiro.