Na primeira agenda conjunta de campanha em Porto Alegre, o candidato do PSDB ao Planalto, Geraldo Alckmin, e a vice, senadora Ana Amélia Lemos (PP), fizeram um dueto com indiretas ao adversário Jair Bolsonaro (PSL), sem citar o nome do capitão que, nesta quarta-feira, fará roteiro semelhante no Rio Grande do Sul. Alckmin e Ana Amélia falaram na noite desta segunda-feira (27) para uma plateia de empresários e políticos no Brasil de Ideias, tradicional evento da revista Voto, no hotel Sheraton. Na quarta, Bolsonaro falará em almoço no mesmo local.
Antes de Alckmin falar, o candidato do PSDB ao Piratini, Eduardo Leite, deu a deixa:
— Não vamos eleger um chefe que bate na mesa. Vamos eleger um líder.
Diante de empresários como Jorge Gerdau Johannpeter e Luís Roberto Ponte, o ex-governador fez a primeira referência indireta às diferenças entre ele e Bolsonaro.
— Na greve dos caminhoneiros e o candidato da bala foi até eles e disse que podiam fazer greve que ele perdoaria as multas. O resultado é que o governo deu R$ 14 bilhões em subsídio para combustíveis fósseis e prometeu uma tabela de frete que é um retrocesso — disse.
Em outro momento, alfinetou os adversários que querem ganhar no grito e fazem promessas sem pensar que tudo precisa passar pelo Congresso.
— Quanto mais a gente ouve, menos erra. Governo moderno não é mandão — disse Alckmin para ilustrar sua tese de que o próximo presidente precisa ser conciliador para aprovar nos primeiros seis meses as reformas essenciais ao crescimento econômico.
O ex-governador de São Paulo disse que, se for eleito, mandará para o Congresso nos primeiros meses as propostas de reforma política, tributária, previdenciária e administrativa. Sempre citando exemplos de ações que deram certo em São Paulo, o tucano apresentou propostas para a segurança e a educação e detalhou o que seria o cerne de cada reforma.
Alckmin contou que esteve no mesmo evento da revista Voto, há um ano, e ouviu a sugestão para ter Ana Amélia de vice:
— À época eu respondi que era muita areia para o meu caminhãozinho.
A plateia gargalhou. A senadora reafirmou que aceitar a candidatura foi uma das decisões mais difíceis de sua vida, porque significava trocar uma reeleição praticamente certa, para um mandato de oito anos, por uma disputa incerta. E explicou por que acabou aceitando:
— Minha decisão causou incompreensão, mas estamos diante de uma encruzilhada. O Brasil terá de escolher entre um caminho iluminado e a escuridão.
O que a senadora entende por escuridão é a possibilidade de segundo turno entre Bolsonaro e o PT, que dividiria irremediavelmente o país.
Ana Amélia foi aplaudida quando fez uma referência indireta a Michel Temer:
— Não serei uma vice decorativa, mas não vou me intrometer. Prometo lealdade, disciplina e transparência. Vou pedir para que tenhamos mais mulheres no governo.