A falta de um vice é a face mais visível das dificuldades que cercam os candidatos à Presidência da República às vésperas do prazo derradeiro para a realização das convenções. A fragilidade das alianças – ou a falta delas – se reflete nas indefinições às vésperas do início da campanha. A solidão só não é mais explorada pelos adversários porque nenhum dos que aparecem nos primeiros lugares nas pesquisas encontrou seu companheiro de chapa, sinal de que não está fácil para ninguém.
No caso de Jair Bolsonaro (PSL) e de Geraldo Alckmin (PSDB), a falta do vice está virando lenda e expondo os candidatos ao ridículo. Os dois casos mais recentes têm lá suas semelhanças.
Cotada para ser vice de Bolsonaro – e rejeitada depois do discurso sincero que fez na convenção – a advogada Janaína Paschoal usou o Twitter para convidar o Novo a se aliar ao PSL já no primeiro turno.
A sugestão para que João Amoêdo desista da candidatura a presidente para ser coadjuvante sugere ignorância em relação ao projeto do Novo. A resposta de Amoêdo foi polida, mas, nos bastidores, ele já deixou claro que não acredita na solidez das convicções liberais de Bolsonaro.
O caso de Alckmin não é muito diferente. As especulações sobre uma possível candidatura da senadora Ana Amélia Lemos (PP) a vice, disseminada em veículos de comunicação do centro do país, revelam desconhecimento da realidade política do Rio Grande do Sul. Ana Amélia não foi sequer consultada sobre a possibilidade de ser vice. Se fosse, teria dito o que diz a quem lhe pergunta sobre essa hipótese: chance zero. Ela é candidata à reeleição e ponto final.
— Fico honrada que meu nome, como senadora de primeiro mandato, tenha sido lembrado para integrar essa chapa com um amplo leque de apoio. Talvez meu trabalho no Senado tenha sido avaliado, positivamente. Mas creio que meu perfil de senadora independente não seja adequado, nessa circunstância.
Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Alvaro Dias padecem da mesmas dificuldade para fechar a chapa. Da cadeia, o ex-presidente Lula não consegue convencer os demais partidos de esquerda de que sua candidatura tem alguma viabilidade e, por isso, o PT chega às vésperas da convenção sem saber se marchará sozinho ou acompanhado.