Faltou o arquiteto Jaime Lerner na entrega do primeiro trecho da revitalização da orla do Guaíba, que reuniu o prefeito Nelson Marchezan, seu antecessor José Fortunati (que idealizou e contratou a obra) e autoridades municipais e estaduais.
Autor do projeto, Lerner alegou motivos de saúde para não comparecer à inauguração, mas é improvável que fosse em qualquer circunstância. Por mágoa pela forma grosseira como foi tratado. Respeitado dentro e fora do Brasil, o arquiteto foi vaiado na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, em outubro de 2013, na audiência pública
convocada para discutir a revitalização da orla.
O namoro de Lerner com o Guaíba era antigo. Nos anos 1990, em seu escritório em Curitiba, o urbanista confessou a ZH seu desejo de trabalhar em um projeto para valorizar a orla do Guaíba. À época, admitiu que sua grande frustração era não ter um rio ou lago na capital paranaense.
Em 2008, convidado pelo então vice-prefeito Sebastião Melo para o seminário Porto Alegre, uma Visão de Futuro, Lerner sobrevoou a orla. Depois, em entrevista à imprensa, disse com os olhos marejados:
– A natureza deu para vocês o que vários países tiveram que construir, gastando bilhões.