A decisão do prefeito Nelson Marchezan de pedir diretamente ao presidente Michel Temer a presença da Força Nacional e do Exército em Porto Alegre no dia do julgamento do ex-presidente Lula no TRF4, causou mal estar no Gabinete de Crise instalado ontem para discutir as ações necessárias no dia 24 de janeiro. O fato de Marchezan ter usado as redes sociais para divulgar a carta enviada a Temer e os pedidos feitos ao governo estadual para enfrentar o que chamou de "invasão de Porto Alegre" irritaram a cúpula da Segurança Pública e foram interpretadas no Palácio Piratini como uma precipitação que pode atrapalhar a estratégia traçada pelos órgãos técnicos.
O gabinete de crise pretendia trabalhar com discrição, até para não fomentar o conflito. O assunto começou a ser tratado há 15 dias. Nem mesmo a imprensa foi avisada da reunião realizada ontem, com a presença de todos os órgãos de alguma forma envolvidos com a segurança e com a preservação da ordem pública. Da reunião de ontem participaram representantes da Polícia Rodoviária Federal, Brigada Militar, Polícia Civil, Exército, TRF4 e da própria prefeitura, como a secretaria municipal da Segurança e a Procuradoria-Geral do Município.
A manifestação de Marchezan no Twitter foi definida por um integrante do governo estadual como "ostensiva e espalhafatosa". O prefeito justificou o pedido de tropas do Exército e da Força Nacional de Segurança com o argumento de que as manifestações de apoiadores do ex-presidente trazem perigo à ordem pública e à integridade dos porto-alegrenses e que o TRF4 ficar na área de um parque municipal. Marchezan escreveu que há ameaça de ocupação de espaços públicos pelos movimentos sociais e que alguns políticos, "inclusive senadores", estariam incitando os manifestantes, pelas redes sociais, à desobediência e à luta.
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, o secretário municipal, Kleber Senisse, defendeu o ato do prefeito, dizendo que o pedido feito a Temer por Marchezan se justifica diante das manifestações dos simpatizantes de Lula, que nas redes sociais prometem invadir Porto Alegre no dia 24. Também no Gaúcha Atualidade, o secretário estadual da Segurança, Cezar Schirmer, pediu serenidade. Disse que todas as providências estão sendo tomadas pelos órgãos de segurança de acordo com critérios técnicos.