Na tentativa de reverter a negativa ao pedido de inclusão no regime de recuperação fiscal, o vice-governador José Paulo Cairoli e o secretário da Fazenda, Giovani Feltes, vão acampar em Brasília a partir deste domingo. Cairoli e Feltes pretendem pegar carona no avião da FAB que levará o ministro Eliseu Padilha de volta a Brasília e pressionar pela revisão imediata da decisão.
A caravana deverá ser encorpada com a ida de mais três pessoas para a capital federal: o chefe da Casa Civil, Fábio Branco, o líder do governo na Assembleia, Gabriel Souza, e o procurador-geral do Estado, Euzébio Ruschel.
Por mais que a cúpula do Piratini tente vender a ideia de que não há motivo para pânico, a preocupação é enorme. A negativa da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) deixou o governo sem chão e sem discurso para pedir aos deputados que aprovem a autorização para aderir ao regime de recuperação fiscal, que permitirá suspender o pagamento da dívida por três anos e abrirá caminho para a tomada de empréstimos.
Na Assembleia, onde já havia resistência à adesão, pelas contrapartidas exigidas, que engessariam o próximo governador, a negativa da STN está fazendo a festa da oposição.
Pelas manifestações de deputados do PT, do PC do B, do PSOL e do PDT, o governo Temer deu um atestado de que a situação das finanças do Rio Grande do Sul não é tão ruim quanto o governo Sartori diz. Na verdade, os adversários do Piratini se valem de uma fantasia: a de que o Estado gasta somente 57% da receita corrente líquida com pessoal e encargos da dívida. Se assim fosse, não seria necessário recorrer todos os meses aos depósitos judiciais, pelos quais se pagam juros e correção monetária, nem haveria atraso nos salários.
Essa fantasia, costurada pelo Tribunal de Contas, vem ajudando o Estado a driblar a Lei de Responsabilidade Fiscal, na medida em que não contabiliza como despesas de pessoal o que gasta com pensões, auxílio-alimentação, vale-transporte, abono de permanência e outros benefícios relativos a funcionários. Nenhum governador ousaria cortar essas despesas, mas na visão do TCE, da oposição e de todos os que driblaram a Lei de Responsabilidade Fiscal, é como se não existissem.
ALIÁS: Na campanha eleitoral, os candidatos a governador terão de dizer como pretendem lidar com a grave crise do Estado. O discurso da “vontade política” não cola mais.