A explicação para os resultados da primeira pesquisa do Ibope após o início da campanha em Porto Alegre está, em parte, na avaliação dos governantes. Em quarto lugar na pesquisa liderada por Luciana Genro (PSOL), que tem 23% das intenções de voto, o candidato da situação, Sebastião Melo (PMDB), com 10%, paga pela péssima avaliação do prefeito José Fortunati (PDT), do governador José Ivo Sartori (PMDB) e do presidente interino Michel Temer (PMDB).
Reprovada por 63% dos entrevistados e aprovada por 29%, a gestão de Fortunati mereceu conceito bom e ótimo de apenas 17% dos eleitores, contra 40% de ruim e péssimo e 41% de regular. A avaliação de Sartori pelos porto-alegrenses é ainda pior: 12% de bom e ótimo, 55% de ruim e péssimo e 31% de regular. Temer tem o mais baixo índice de bom e ótimo. Regular empata com ruim e péssimo em 42%.
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Essa não é a única explicação para os resultados. O descrédito dos eleitores na política, identificado em outros levantamentos, inclusive em um do Ibope sobre a credibilidade das instituições, leva o eleitor a buscar uma novidade.
Embora Luciana tenha sido deputada e candidata a presidente, não está vinculada a nenhum governo e não sofre com o desgaste do PT, seu antigo partido, exatamente porque foi expulsa antes de eclodir o escândalo do mensalão e ajudou a fundar o PSOL. A pesquisa indica que o maior adversário de Luciana é ela mesma. Se 23% dos eleitores estão dispostos a votar nela, um percentual maior, 27%, a rejeitam.
Com Raul Pont ocorre fenômeno parecido. Ele é o segundo em intenções de voto, com 18%, e também em rejeição, com 26%. Esses 18% se explicam pela combinação entre um percentual do eleitorado que vota no PT e a memória da gestão de Pont, que deixou a prefeitura com altos índices de aprovação e elegeu Tarso Genro como sucessor em 2000. A rejeição é fruto do desgaste do PT em nível nacional, que está prejudicando candidatos em todo o país.
Nelson Marchezan (PSDB) tem muito a comemorar nesta primeira pesquisa. Conseguiu largar com 12%, índice positivo para um candidato que só se viabilizou na última hora, ao fechar a aliança com o PP.
Desconhecido dos eleitores, embora seja deputado estadual e tenha sido secretário de Estado, Mauricio Dziedricki (PTB) ainda não é percebido como opção. Na pesquisa, foi apresentado como Maurício, nome que escolheu para figurar na urna. O índice de 3% é o mesmo de Júlio Flores (PSTU) e João Carlos Rodrigues (PMN), candidatos de dois partidos minúsculos em comparação com o PTB.