Um dos autores do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, Hélio Bicudo, divulgou vídeo nesta quinta-feira para saudar a admissibilidade do processo de afastamento da presidente e chamar a atenção para formação do ministério de Michel Temer.
Nas imagens, Bicudo lê um curto discurso, que começou com a expressão "está consumado". Logo depois, disse que o mérito do impeachment "pertence ao povo, não aos partidos".
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A lista de ministros divulgado pelo governo interino também foi tema da gravação. Na segunda metade do vídeo, Bicudo fala que está preocupado com os nomes para a nova equipe:
– Com a mesma liberdade e o mesmo sentimento patriótico que me levaram a pedir o impeachment, devo externar minha preocupação com as mais recentes notícias sobre a formação do novo governo. O povo brasileiro foi às ruas para repudiar a cleptocracia comandada pelo PT. O povo brasileiro não foi às ruas para sofrer mais um desapontamento. A crise que atravessamos é tão grave quão diminuta a paciência do povo com a classe política, sem exceção.
Dos 21 ministeriáveis, seis estão envolvidos com a operação Lava-Jato, da Polícia Federal (PF). Geddel Vieira Lima (PMDB) é citado e Romero Jucá (PMDB) e Henrique Eduardo Alves (PMDB) são investigados. Bruno Araújo (PSDB), Ricardo Barros (PP) e Raul Jungmann (PPS) estão na lista de doação de dinheiro da Odebrecht apreendida pela PF em uma das operações.
Hélio Bicudo é um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, mesmo partido da presidente afastada Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Deixou a legenda há alguns anos insatisfeito com a gestão de dirigentes. Em setembro de 2015, ele, Miguel Reale Junior e Janaína Paschoal protocolaram na Câmara dos Deputados o pedido de impeachment de Dilma com base nas pedaladas fiscais do primeiro mandato. Esse mesmo documento foi aceito pelo então presidente da Casa, deputado Eduardo Cunha (PMDB) e votado em plenário e, nesta quinta-feira, no Senado.
Joaquim Barbosa
O ex-ministro e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, disse nesta quinta-feira que o impeachment de Dilma é "destituído de legitimidade profunda", mas que do ponto de vista "puramente legal, está tudo certo". Assim como a presidente afastada em diversos discursos nas últimas semanas, Barbosa comparou o processo com a ditadura militar, iniciada em 1964, e chamou o impeachment de "anomalia". O jurista defendeu novas eleições:
– Sou radicalmente favorável à convocação de novas eleições. Essa é a verdadeira solução, que acaba com essa anomalia. Dar a palavra ao povo.
As críticas também foram para o presidente interino Michel Temer e seus aliados:
– É muito grave tirar a presidente do cargo e colocar em seu lugar alguém que é seu adversário oculto ou ostensivo, alguém que perdeu uma eleição presidencial ou alguém que sequer um dia teria o sonho de disputar uma eleição para presidente. Anotem: o Brasil terá de conviver por mais 2 anos com essa anomalia.
– É um grupo que, em 2018, completará 20 anos sem ganhar uma eleição – disse o ex-ministro, se referindo ao PSDB.