A despeito da pressão dos sindicatos e das críticas da oposição, o governo Sartori conseguiu aprovar a Lei de Responsabilidade Fiscal Estadual, um projeto que Aod Cunha imaginou no governo de Yeda Crusius mas não conseguiu transformar em realidade por falta de apoio político. Com os freios impostos pela nova lei, que será sancionada pelo governador José Ivo Sartori no início de janeiro, aumentos reais de salário só poderão ser dados se houver crescimento de receita acima da inflação, mas a maior parte dos ganhos e da arrecadação terá de ser destinada a investimentos.
A proposta de Sartori não ajuda a atenuar as dificuldades financeiras que o governo dele enfrenta. É um projeto para o futuro, uma espécie de vacina contra o excesso de gastos sem cobertura. Os governadores não poderão mais conceder reajustes parcelados para pagamento pelo sucessor, como fez Tarso Genro com os aumentos para servidores da segurança pública, em parcelas semestrais, até 2018. Graças a uma emenda proposta pelo PDT, a lei assegura que os aumentos dados por Tarso serão honrados.
Pelo menos 15 governadores, entre os quais os de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, manifestaram interesse em aprovar lei semelhante.
Dos projetos aprovados nas 13 horas da sessão que se estendeu até a madrugada, o que mais contribui para um fôlego no caixa do governo é o que autoriza a venda da folha de pagamento para o Banrisul. Com essa operação, espera-se arrecadar entre R$ 1,2 bilhão e R$ 2,5 bilhões. O valor a ser pago pelo banco para manter uma carteira de mais de 300 mil clientes deverá ser apurado por uma consultoria.
O Piratini poderia até arrecadar mais, se optasse por leiloar a folha de pagamento, como fizeram outros Estados, mas Sartori entendeu que, se abrisse para os bancos privados, acabaria inviabilizando o Banrisul.
A vitória do governo só não foi completa porque precisou adiar para depois do recesso a votação de projetos estratégicos, como o que altera a lei das concessões de rodovias. A ideia é votar a mudança até a metade de março, para não retardar ainda mais o lançamento dos primeiros editais, que incluem a ERS-324, entre Passo Fundo e Nova Prata.