Rodrigo Lopes

Rodrigo Lopes

Formado em Jornalismo pela UFRGS, tem mestrado em Ciência da Comunicação pela Unisinos e especialização em Jornalismo Ambiental pelo International Institute for Journalism (Berlim), em Jornalismo Literário pela Academia Brasileira de Jornalismo Literário, e em Estudos Estratégicos Internacionais pela UFRGS. Tem dois livros publicados. Como enviado do Grupo RBS, realizou mais de 30 coberturas internacionais. Foi correspondente em Brasília e, atualmente, escreve sobre política nacional e internacional.

Superlotação
Notícia

Mesmo após governo do Estado acenar com recursos para a saúde, Porto Alegre deve seguir pressionando; situação do HPS preocupa

Melo deve continuar se reunindo com prefeitos de outros municípios da Região Metropolitana

Rodrigo Lopes

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André Ávila / Agencia RBS
Problema já era registrado nos últimos anos, mas se intensificou em 2025.

Diferentemente da primeira reunião com o governo do Estado, que ocorreu no dia 12 de março, dessa vez os representantes da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre saíram mais confiantes de que tanto a secretária Arita Bergman quanto os técnicos que debateram a superlotação de leitos no sistema da Capital compreenderam os apelos do prefeito Sebastião Melo e do secretário municipal, Fernando Ritter, e se mostraram disponíveis para construir soluções para a situação. A nova reunião ocorreu na terça-feira (18).

O principal motivo da superlotação, na avaliação da prefeitura é que, boa parte dos atendimentos feitos na Capital é de pacientes vindos do Interior. A prefeitura de Porto Alegre tem gasto R$ 12 milhões a mais para por mês para manter os atendimentos no nível atual - que, diga-se de passagem, está longe do suficiente.

A ocupação de leitos (pessoas que estão dentro dos hospitais) nesta quarta-feira (19) é de 94% - não é a capacidade total, mas é considerada muito elevada para essa época do ano, e a tendência é aumentar no inverno. Desses, mais de 40% é de pessoas de fora de Porto Alegre. 

O que mais preocupa os técnicos é que a maioria dos casos não precisaria estar internada em instituições da Capital, porque não são situações que exijam alta complexidade.

Conforme interlocutores da prefeitura, o governo do Estado teria se sensibilizado com a situação. Durante a reunião de duas horas com a Arita, Ritter elencou os pontos onde são alocados os R$ 12 milhões a mais mensais e alertou que precisa de suplementação de recursos estaduais, sob pena de ter de adequar a oferta de serviços ao orçamento. Em outras palavras, significa Porto Alegre restringir o atendimento a apenas pacientes que moram no município. 

Preocupação, agora, é com o HPS

Cristine Rochol / PMPA
HPS, referência para trauma e queimados.

Durante a conversa, um ponto caro a Porto Alegre foi levado pela prefeitura: a situação do Hospital de Pronto Socorro (HPS), referência em queimados e trauma para todo o Estado. O custo do hospital é de R$ 19 milhões por mês, considerado muito alto, sobretudo para atendimento de pacientes queimados. Nesta quarta-feira (19), todos os pacientes queimados no internados no HPS são de fora de Porto Alegre. Cada paciente desse tipo custa por dia R$ 8 mil. Seu atendimento é mais complexo do que os demais, porque exige diferentes especialidades. 

O incetivo do Ministério da Saúde para esse caso é de R$ 800 diários. Conforme pessoas que participaram da reunião entre Ritter e Arita, esse foi um dos pontos delicados da conversa. O entendimento da prefeitura é de que se o Estado não investir, o município terá de fechar leitos do HPS para pacientes do Interior.

Arita se comprometeu em apresentar novas possibilidades, além do já garantido - o repasse de R$ 8 milhões para financiar o término de obras nos PAs da Bom Jesus e da Lomba do Pinheiro. Com isso, conforme informou o repórter Paulo Egígio, a Capital poderá solicitar ao Ministério da Saúde habilitação dessas unidades como UPAs, o que garantiria repasses adicionais de R$ 1,2 milhão por mês. Na segunda-feira (24) está prevista nova reunião entre prefeitura e governo do Estado. O tema predominante deve ser a situação do HPS.

Ritter encerrou o encontro pedindo mais atenção e efetividade do governo estadual em relação a contrarreferências. São casos de pacientes que ocupam leitos em Porto Alegre, mas que poderiam estar recebendo tratamento em seus municípios ou regiões. A maioria das demandas hoje nos PAs, na UPA e hospitais é chamada de "expontânea", pacientes de outros municípios que buscam atendimento em Porto Alegre por acreditar que receberão auxílio de excelência, mas que poderiam ser atendidos em suas cidades ou regiões. A prefeitura pediu maior atenção com a regulação estadual para que esses paciente sejam direcionados a seus locais de origem, liberando leitos para pacientes mais graves. 

Com essa pressão, a prefeitura pretende deixar clara a mensagem de que não e trata de o Estado se disponibilizar a auxiliar o município com recursos. 

- Porto Alegre não está pedindo favor. Está pedindo ao Estado que cumpra com seu dever com relação a suplementação à saúde - diz um interlocutor do município 

Melo deve seguir buscando apoio de prefeitos da Região Metropolitana

Renan Mattos / Agencia RBS
Melo em busca de recursos.

O prefeito Sebastião Melo deve seguir se reunindo com prefeitos e secretários municipais da Saúde dos municípios da Região Metropolitana a fim de angariar apoio para pressionar o Estado. 

Na terça-feira (18), reuniu-se com o chefe do Executivo de Canoas, Airton Souza. O próximo destino será Alvorada, no dia 24, depois Guaíba (26). A agenda seguirá em Sapucaia do Sul (27), e, no dia 28, Viamão, Gravataí e Cachoeirinha. O fato de Melo se mobilizar com os prefeitos da Região Metropolitana pressionou o Estado. 

Painel da prefeitura apresenta instabilidade

O painel da prefeitura da Capital que mostra números em tempo real da ocupação do sistema de saúde apresenta instabilidade ao longo dessa semana, porque os técnicos estão fazendo a migração da ferramenta. A ocupação de leitos nesta quarta-feira (19) em Porto Alegre está em 94%, desses 41% são de pacientes de fora da Capital. 

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