Em dois meses, a Polícia Federal (PF) vai herdar do Exército a atribuição de manter a vigilância sobre os chamados CACs, caçadores, atiradores e colecionadores, um contingente de quase 800 mil brasileiros, responsável por um arsenal de 1,3 milhão de armas registradas.
A um primeiro olhar, soa positivo, como diz o professor Roberto Uchoa, conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, segundo o qual o controle de armas por civis deve ficar sob responsabilidade de instituições civis. No entanto, nos corredores das superintendências regionais e no comando da PF em Brasília a dúvida é se a instituição irá receber maior efetivo para o trabalho. A PF conta com 13 mil servidores contra 220 mil do Exército. Calcula-se que pelo menos 3 mil pessoas a mais seria o ideal para não prejudicar outras funções dos federais, como as investigações sobre crimes federais, de colarinho branco e narcotráfico, por exemplo.
Sem investimentos necessários, podem ocorrer falhas no controle e facilitar a aquisição de armas por quadrilhas ou, até mesmo, mantê-las com pessoas não capacitadas ou com problemas mentais, como no caso do atirador de Novo Hamburgo. Em um contexto de aumento de violência doméstica, isso é ainda mais preocupante.