O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
Pouco mais de uma semana das Olimpíadas de Paris se passou e no relatório final já constam alguns episódios em que o esporte se mistura com a geopolítica.
Em setembro do ano passado, o ministério de Esportes da França determinou que o uso de símbolos religiosos durante o evento seria proibido. A justificativa seria a laicidade do país. Entre as vedações, incluía-se a restrição do uso do véu islâmico, o Hijab, pelas mulheres. No fim, a decisão acabou se limitando a atletas francesas que seguiam a religião.
Um exemplo em que essa vedação não se aplicou para outros países foi o jogo de vôlei de areia entre as egípcias Marwa Abdelhady e Doaa Elghobashy e as brasileiras Ana Patrícia e Duda. As competidoras do Oriente Médio estavam com os corpos cobertos, usando o hijab, já as brasileiras estavam de top e shorts.
Ao mesmo tempo, a skatista Rayssa Leal, que conquistou a medalha de bronze no skate street, quebrou o protocolo ao falar, em linguagem de sinais, “Jesus é o caminho, a verdade e a vida”. O gesto, por conter cunho religioso, é proibido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) e a atleta brasileira pode sofrer punição.
Nesta mesma competição, câmeras de transmissão flagraram um funcionário do COI fazendo um gesto considerado como supremacista branco. O Comitê afirmou que se tratava de um funcionário terceirizado e que teve sua credencial cancelada.
Um caso em que a geopolítica esteve presente foi no judô. O argelino Messaoud Redouane Dris foi eliminado em uma disputa após exceder a pesagem permitida. Contudo, o que se apura nos bastidores é que o atleta teria desistido para não lutar contra o israelense Tohar Butbul. Os dois países contam com o histórico de conflitos e se a intenção de abandonar a luta por conta da nacionalidade for confirmada, pode ser punido.
Já partida de futebol entre Israel e Paraguai também teve um caso de antissemitismo. Um grupo carregando bandeiras palestinas exibiu a faixa escrita “Olimpíadas genocidas”. Uma investigação foi aberta.
Ainda há mais uma semana até o fim dos Jogos, que pode contar com outros episódios como esses, em que se mistura o esporte e os interesses pessoais dos atletas.
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