Olimpíada é sempre uma vitrine para o país-sede exibir ao mundo o que tem de melhor: cartões-postais, gastronomia, cultura e seu próprio povo.
É também quando, muitas vezes, aparecem suas fragilidades e conflitos internos. O Rio foi sede da Olimpíada de 2016 durante o momento de forte instabilidade política no Brasil, um processo iniciado com as manifestações de 2013, que perpassou a Copa do Mundo em 2014, as eleições presidenciais daquele ano, e culminou no impeachment de Dilma Rousseff, alguns dias depois do fim dos Jogos.
A França que recebe a Olimpíada não está em uma situação tão grave quanto a do Brasil daqueles dias. Mas também não está em um dos seus melhores momentos políticos.
O governo de Emmanuel Macron é bastante questionado nas ruas por reformas que, rejeitadas pela Assembleia Nacional, fez os franceses engolirem por decreto. O país também vive o crescimento da extrema direita como força política. Os radicais do Reagrupamento Nacional só não viraram governo graças a uma geringonça que uniu partidos de centro, direita tradicional e esquerda. Mas o susto foi grande, e, agora, Macron precisa compartilhar o poder.
Na França vigora o semipresidencialismo, com a figura de um presidente com poderes Executivos compartilhados com um primeiro-ministro. Escaldado com a eleição, Macron decidiu manter o demissionário Gabriel Attal no cargo até o final da Olimpíada - como se mantivesse paralisada a crise durante os Jogos. Resta saber se a bolha da Olimpíada resistirá ao mal-estar francês.