O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
No ano em que é celebrado o bicentenário das Relações Diplomáticas Brasil-EUA, o país americano realizou uma série de ações de ajuda aos atingidos pela enchente do Rio Grande do Sul. Entre as doações, foram destinados mais de R$ 10 milhões, kits de higiene, geradores de energia e até dois porta-aviões americanos foram utilizados para o transporte de mantimentos.
— O apoio dos EUA para o RS tem o aspecto do governo, mas também vem da iniciativa privada e organizações de caridade. O mais importante é que estamos no ano bicentenário e podemos mostrar a importância dessa parceria — explicou à coluna o porta-voz da Embaixada dos Estados Unidos em Brasília, Luke Ortega.
Com a ajuda de ONGs parceiras, como World Vision, Caritas e Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA), a Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID) mobilizou R$ 5,2 milhões em apoio para a entrega de suprimentos de socorro.
Além disso, a USAID realizou a doação de 1,3 mil kits de produtos de higiene; 850 kits de materiais de limpeza; 80 itens de primeiros socorros; oito geradores de energia; pacotes de cloro para purificação de água; mais de 400 cobertores e roupas de cama; além de disponibilizar aconselhamento psicossocial para aproximadamente 5 mil pessoas afetadas pelas enchentes.
Doações via aérea
Dois porta-aviões que estavam em território brasileiro, o USS George Washington e o USNS John Lenthall, trabalharam em conjunto com a Marinha Brasileira para transportar 15 toneladas de suprimentos de ajuda humanitária, mais de 11 toneladas de alimentos, duas toneladas de kits de produtos de higiene e materiais de limpeza, roupas e ração para cães.
— Os equipamentos estavam no Brasil como parte de um exercício norte-americano e mudamos a cara dessa operação para usar no transporte de suprimentos das Forças Armadas Brasileiras, apoiando o processo logístico — comentou Ortega.
Além disso, o avião da Embaixada dos EUA entregou 500 quilos de comida, água, cobertores e roupas coletadas pela comunidade da Embaixada em Brasília. Também foram realizados nove voos da Base Aérea de Santa Maria para comunidades em Pelotas e Caxias do Sul, transportando mais de 1,7 mil quilos de suprimentos coletados pela Força Aérea Brasileira.
Ajuda da comunidade
Mais de 30 empresas e organizações de caridade dos EUA que operam no Brasil mobilizaram apoio significativo para os esforços de socorro ao desastre. A ONG Samaritan’s Purse realizou a doação de mais de 20 toneladas de sistemas de filtragem de água, luzes movidas a energia solar e cobertores. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias doou seis toneladas de cestas básicas, cobertores e roupas de cama, água potável e filtros de água. A World Central Kitchen entregou 70 mil refeições para 38 comunidades afetadas.
A Starlink liberou o acesso a mil terminais de internet via satélite para trabalhadores de socorro. A Ball Corporation entregou 450 mil litros de água, a General Motors (GM) forneceu sete veículos para os trabalhos de socorro. Empresas como Boeing, Netflix, McDonalds, Fundação Agrícola AGCO e All Within My Hands foram R$ 6 milhões de reais.
— São empresas que estão no Brasil há muito tempo e até mesmo têm CEOs e diretores brasileiros — lembrou o porta-voz.
Com foco na saúde, a Baxter Kidney doou insulina para 400 pacientes em hemodiálise em Porto Alegre.
Auxílio tecnológico
A IBM, Amazon e Microsoft deram suporte tecnológico para as ações de socorro. A Agência Federal de Gerenciamento de Emergências dos EUA (FEMA) e a Agência de Levantamento Geológico dos EUA (USGS) também participaram de ações tecnológicas. Já o Departamento de Defesa dos EUA disponibilizou imagens de satélite de áreas impactadas ao Ministério da Defesa do Brasil.