Costumam ser três os temas que dominam o debate eleitoral americano: economia, questão migratória e a pauta de costumes, em especial armas e aborto. Política externa, em geral, não rende votos. Essa lógica, no entanto, pode começar a mudar a partir da megamobilização nas universidades dos Estados Unidos em apoio à causa palestina, que tem tensionado os campi nas últimas semanas. Nesta terça-feira (30), estudantes invadiram o histórico prédio Hamilton Hall, em Columbia, Nova York, horas depois de a instituição ter estabelecido prazo para que eles desmontassem o acampamento erguido na área.
O presidente Joe Biden precisa do eleitorado jovem para se reeleger no pleito de novembro contra Donald Trump. Esse grupo é conhecido por rejeitar o republicano, mas, ao mesmo tempo, tem sido o mais crítico às ações do governo democrata em apoio a Israel no atual conflito.
Quando se olha o eleitorado como um todo, uma pesquisa do Pew Research Center mostra que 31% dos americanos tendem a apoiar os israelenses, 26% suportam ambos os lados, e 16% dizem se identificar mais com a causa palestina. Entre os republicanos, o apoio aos palestinos pula para 52%. Entre os democratas, esse suporte passa para 28%. Mas quando se observa os jovens, grupo preponderante nas manifestações nas grandes universitárias americanas, 33% apoiam a causa palestina, enquanto 14% os israelenses.
O alerta soa na Casa Branca porque Biden é um presidente que, normalmente, não encanta o eleitor jovem. Essa preocupação cresce em uma disputa onde o voto não é obrigatório e na qual qualquer assunto pode provocar grande impacto.
Em tempo: o pleito deste ano deve ser decidido em seis Estados - Nevada, Geórgia, Arizona, Pensilvânia, Wisconsing e Michigan. Nesse último, inclusive, um grupo árabe-americano, tradicional eleitor democrata, já deu um susto em Biden nas prévias ao votar contra o presidente devido à atuação americana na guerra.