A decisão sobre abrir ou encerrar uma representação diplomática é única e exclusiva de um Estado soberano, um país. Mas isso não nos impede de lamentar a ordem do governo do presidente Santiago Peña para fechar o consulado do Paraguai em Porto Alegre, notícia antecipada pela coluna. A alegação é corte de gastos.
Cerca de 3 mil cidadãos do país vizinho vivem no Rio Grande do Sul. Para esses, com certeza, será uma perda enorme. Um consulado é, mais do que tudo, um porto seguro para quem decidiu, por opção ou por necessidade, deixar sua nação e construir a vida no Exterior. Por vezes, recorre-se a uma representação diplomática quando se precisa de documentos, de apoio junto às autoridades do país onde se vive ou, em última análise, onde se busca proteção em caso de emergência. Com o fechamento do prédio em Porto Alegre, o consulado mais próximo, para os paraguaios, será o de Curitiba, no Paraná.
Será menos uma representação estrangeira na capital gaúcha, que busca reforçar sua posição cosmopolita, conectada com o mundo. No caso do Paraguai, um país do Mercosul - foi em Assunção, em março de 1991, que os presidentes dos quatro países assinaram o documento de criação do bloco -, a decisão é ainda mais simbólica. Uma representação diplomática é uma ponte política, econômica e cultural com outra nação. Basta olhar o exemplo americano. Durante 21 anos, o consulado dos Estados Unidos ficou fechado em Porto Alegre. Sua reabertura, há sete anos, facilitou muito a vida dos gaúchos que desejam fazer o visto americano. O Paraguai não exige visto para brasileiros. Mas perdemos laços, empobrecemos como cidadãos globais. Para nós, gaúchos, é uma janela com o mundo que se fecha.