É bom que Joe Biden e Xi Jinping conversem. Separados por mais de 11 mil quilômetros entre Washington e Pequim, os líderes das duas maiores potências econômicas do planeta têm capacidades suficientes para jogar o planeta em uma Terceira Guerra Mundial. Por isso, é bom que conversem e continuem conversando.
Aliás, o conflito entre Israel e Hamas é grave, reúne as mesmas condições explosivas de um conflito em escala internacional, mas a rivalidade entre Estados Unidos e China é perene, se espraia para diferentes campos de interesse, tem ampla capilaridade dada a influência desses dois titãs nas economias de centenas de países e é bastante sensível no dia a dia da geopolítica global.
A China contesta a ordem internacional vigente erigida após a Segunda Guerra Mundial e que tem os EUA como fiador. É a maior disputa por poder desde o fim da Guerra Fria. Em algum momento, inclusive, é esperado que Pequim se torne a principal economia do planeta. E os focos de tensão permeiam diferentes aspectos: além das competições comerciais, a tensão com Taiwan, o crescimento das capacidades militares chinesas, a militarização do Mar do Sul da China, os direitos humanos no Tibete, a autonomia abortada em Hong Kong, a Coreia do Norte nuclearizada e os tentáculos chineses em tradicionais áreas de influência americana, como o Oriente Médio e a América Latina.
Por tudo isso, é saudável que Biden e Xi continuem conversando. Do contrário, o risco de um mau entendido deflagrar uma escalada militar é real e constante. Os canais entre as duas forças armadas, inclusive, foram interrompidos depois que aviões e navios americanos foram interceptados pelos chineses em área internacional.
O encontro de quarta-feira (15), na Califórnia, foi o primeiro entre Biden e Xi em território americano, desde que o democrata assumiu. Serviu para esfriar os ânimos especialmente depois da crise dos balões espiões que sobrevoaram espaço aéreo dos EUA. As provocações irão continuar, mas, enquanto os dois estiverem conversando é possível algum suspiro de alívio.