Atingida por uma série de ataques terroristas liderados pelo Hamas no sábado (7), Israel enfrenta quatro dilemas e crises simultâneas.
1) A resposta
A necessidade de dar uma resposta ao maior atentado extremista de sua história contra Israel. A reação, por enquanto, é por ar, com bombardeios a prédios onde acredita que estejam escondidos líderes do Hamas na Faixa de Gaza. A resposta é um dos dilemas: bombardeios talvez não sejam suficientes diante da magnitude da ofensiva contra seu território. É provável uma operação por terra, com tropas no terreno - uma ação aberta, com grande contingente de tanques e tropas ou, mais provável, ações cirúrgicas de forças especiais. A segunda opção tem como vantagem estratégica o fato de evitar massacres entre civis palestinos (o que geraria comoção na comunidade internacional), mas, ao mesmo tempo, uma ação com unidades específicas eleva os riscos - Gaza é um labirinto de prédios e casas, que o Hamas conhece bem, cada esquina é uma armadilha para soldados israelenses.
2) Crise de segurança
Embora o clímax do ataque pareça ter terminado, há ainda confrontos pontuais dentro de Israel: suspeita-se que extremistas do Hamas ainda estejam no terreno ou que, no mínimo, possam estar escondendo reféns no território israelense, aqueles que não teriam sido levados para dentro da Faixa de Gaza. Passado o primeiro momento, Israel precisa entender como houve o apagão de segurança e de inteligência nesse que é o país mais seguro do ponto. Algo falhou.
3) Crise de reféns
Pode ser uma das maiores crises de reféns da história, comparável aos episódios dos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972. O Hamas diz ter em seu poder 53 "prisioneiros de guerra" (eufemismo para reféns). O governo israelense fala que mais de cem pessoas teriam sido sequestradas. Forças especiais procuram reféns em lugarejos nas franjas de Gaza, mas sabe que muitos podem estar sendo retidos em túneis subterrâneos entre os territórios de Israel e a área palestina.
4) Crise de liderança
O ataque terrorista do Hamas atingiu Israel em um momento muito sensível, quando a autoridade do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, é muito questionada. Ele é réu em processo de corrupção e sua ofensiva contra o Judiciário levaram milhares de pessoas às ruas em semanas recentes. Bibi, como é conhecido, é um líder que, embora muito criticado, sabe muito bem manejar as táticas políticas para tirar proveito de momentos de crise: não é impensável que se utilize da situação para concentrar poder, aproveitando-se do fator de união contra o inimigo externo.