Por que aparecem mais fotos de gatinhos na sua timeline e menos notícias produzidas por veículos de comunicação profissionais? Por que há tantos posts de fofoca, boatos e mentira? Por que tantas informações tristes ou violentas?
Ninguém sabe. Quer dizer, as big techs, as gigantes de tecnologia como Alphabet (dona do Google), Meta (proprietária do Facebook e do Instagram), Microsoft e Amazon, entre outras, sabem. Só elas.
Foi-se o tempo em que bastava navegar por sites que, de alguma forma, o algoritmo entendia os seus interesses: você procurava no Google um tênis de corrida e, no minuto seguinte, as suas redes sociais e outros sites estavam impregnados de banners de propaganda de... tênis de corrida. Isso era na era pré-histórica da mídia programática.
Hoje, é um pouco mais complexo. Até os publicitários não sabem exatamente como direcionar campanhas digitais. As gigantes de tecnologia, só elas, repito, sabem como funciona seu algoritmo, o que ganhará visibilidade e o que será relegado às catacumbas das redes, com reduzido ou nenhum protagonismo. Além disso, elas manipulam o algoritmo a seu bel prazer, ou melhor, interesse.
Não é novidade a tentativa da Comissão Federal de Comércio (FTC) dos Estados Unidos de impor algum nível de regulamentação à terra sem lei das big techs. O que chama a atenção é a bola da vez, a Amazon. São dois os indícios de monopólio, ao fim de meses de investigação: (1), a Amazon prejudica concorrentes que ofereceram preços de produtos mais baixos do que ela. Como? Reduzindo a visibilidade deles em suas plataformas. Algo do tipo: se você, vendedor, baixa o preço de algo que a Amazon também vende, livros, por exemplo, você praticamente não aparecerá para o consumidor nas plataformas da própria Amazon. (2) A empresa força vendedores a usar o seu serviço de logística, exímio, por certo, na hora de entregar os produtos. Só assim, se aceitar essa condição, seus produtos aparecerão na aba de assinaturas Amazon Prime.
A empresa diz que o processo, que ganhou aderência de 17 procuradores-gerais estaduais, está errado "no mérito e na lei" e que a ação prejudica os consumidores ao resultar em preços mais altos e entregas mais lentas. Ah, velho argumento segundo o qual, se houver regulação, quem sairá perdendo serão os usuários. Aliás, nós, consumidores.
Claro que todos queremos produtos mais baratos chegando a nossas casas o mais rapidamente possível. Mas, no caso das big techs, isso está ocorrendo porque a concorrência é desleal.
A ofensiva de autoridades americanas contra a Amazon é uma nova frente, depois de processos, que começaram no governo Donald Trump e se estendem no mandato Joe Biden, contra as outras gigantes, como Google, Meta e Microsoft, todas, de uma forma ou de outra, acusadas de monopólio, eliminação de concorrentes de forma desleal e violação das leis antitruste. As big techs são, ao mesmo tempo, jogadores e árbitros – quando não escrevem, elas próprias, as regras do jogo.