A saída de Augusto Aras da Procuradoria-Geral da República (PGR) nesta terça-feira (26) dá a largada a uma série de sucessões em Brasília, que não se encerrará até o final da semana e que pode, inclusive, culminar na criação do 39º ministério do governo Lula - o que igualaria o atual governo ao número de pastas do segundo mandato de Dilma Rousseff, até agora recorde na redemocratização.
Enquanto Aras, nomeado e reconduzido ao cargo por Jair Bolsonaro, deixa a chefia do Ministério Público Federal (MPF), no Supremo Tribunal Federal (STF), a gaúcha Rosa Weber passa a presidência para o ministro Luís Roberto Barroso, na quinta-feira (28).
A aposentadoria da ministra abre a segunda vaga do ano a que Lula terá o direito de indicar, depois de Cristiano Zanin, que substituiu Ricardo Lewandowski. Apesar da pressão para que uma mulher seja a indicada para o lugar de Rosa Weber, cresce a boca pequena em Brasília o nome do atual ministro da Justiça, Flávio Dino. A indicação para a Suprema Corte de um dos ministros mais fortes do governo, com atuação fundamental na reação aos ataques do dia 8 de janeiro, abre uma disputa política entre grupos governistas. Daí a possibilidade da partição da pasta em duas - a Justiça e a Segurança Pública. Esta segunda, se criada, configuraria o 39º ministério de Lula - o 38º foi o Ministério para Pequenas e Médias Empresas, anunciado em agosto.
Quem defende Dino no Supremo, aposta no subprocurador-geral Paulo Gonet no comando da PGR. Quem defende o atual ministro da Advocacia Geral da União, Jorge Messias, no STF, prefere o subprocurador Antônio Carlos Bigonha na chefia do MPF.
Em seus cerca de 1,5 mil dias no cargo, Aras deixa como legado o alinhamento e a leniência em relação ao ex-presidente Bolsonaro e a responsabilidade por ter engavetado mais de 70 pedidos de inquérito contra o ex-presidente.