Único parlamentar gaúcho na comitiva brasileira que esteve em Pequim, o deputado federal Heitor Schuch (PSB) avalia a viagem à China como uma preparação de terreno para colher novos investimentos a médio prazo. Ele afirmou que, entre empresários, havia grande expectativa pelo anúncio de credenciamento de plantas frigoríficas.
— Viemos reabrir as portas, voltar a conversar, apresentar questões todas que estavam trancadas há um bom tempo. Vi o olho de muito empresário brilhar quando se falava: “A França veio aqui e conseguiu credenciar 21 plantas frigoríficas, os EUA, mesmo em conflito (comercial), conseguiram credenciar mais de 50”. Se conseguirmos que eles aceitem que sejamos considerados Estado livre de aftosa sem vacinação, vai abrir um campo enorme. Acho que temos que ter todo cuidado com esse assunto — afirmou à coluna, nesta sexta-feira (14), horas depois do encontro entre Lula e Xi Jinping.
Schuch é presidente da Comissão de Indústria, Comércio e Serviços da Câmara dos Deputados.
No aspecto político, ele destaca a relação próxima entre todos os atores envolvidos nas negociações. Mas alerta sobre a necessidade de um novo passo tecnológico não apenas no agronegócio.
— Se já temos plantio direto, plantio na palha, agricultura de precisão, nós temos de avançar nas startups, nos drones, na tecnologia, fazer com que cada vez mais se tenha uma sustentabilidade maior. Falando em questões agrícolas, da questão dos grãos, das commodities, das carnes, do tabaco e tantos outros produtos que exportamos, estamos bem posicionados, sempre na esperança de abrir alguma janela a mais para algum outro produto, como a uva — explicou.
Outra expectativa, segundo o parlamentar, é com relação a novos mercados. Ele vê oportunidades para o mercado brasileiro a partir da saída do Reino Unido da União Europeia (UE) e das dificuldades que os britânicos vêm enfrentando em relação à falta de mão de obra e de alimentos nos supermercados.
— Vi com muitos bons olhos o anúncio do ministro Carlos Fávaro (Agricultura): de sair direto da China para Londres, para tentar avançar nas negociações. Se eles (os britânicos) nos credenciarem com algumas plantas frigoríficas, em especial das aves, dos suínos, da bovinocultura, acho que vamos dar mais um passo significativo para melhorar a condição de produção em escala no RS e no Brasil — disse.