Boa parte da instabilidade peruana se deve à Constituição de 1993, que permite ao Congresso (unicameral, sem Senado, logo sem instância revisora) determinar vaga a presidência por "incapacidade temporária".
Bastam apenas 87 votos dos deputados para afastar o chefe do Executivo por "incapacidade moral", um critério subjetivo. Assim, todo presidente que assume já tem uma espada pairando sobre sua cabeça - e isso vale para a atual, Dina Boluarte, ex-vice de Pedro Castillo.
Outro ponto, quase uma reação a esse mecanismo, é o instrumento que permite ao presidente dissolver o Congresso depois de sofrer duas moções de desconfiança. Isso é legal no Peru e foi usado pelo presidente Martín Vizcarra, por exemplo (ele caiu um ano depois, por impeachment, mas o processo de dissolução da Casa e a convocação de eleições foram dentro das normas constitucionais). No caso de Castillo, o problema foi que as moções de desconfiança não chegaram a ser votadas, por isso, a iniciativa do político foi um golpe.