A rainha Elizabeth II, que foi colocada sob supervisão médica no palácio de Balmoral, na Escócia, nesta quinta-feira (8), vem dando sinais, mês a mês, das dificuldades impostas pela idade avançada. A aparição dela, sorridente e de pé, apoiada apenas por uma bengala, na terça-feira (6), ao empossar a nova primeira-ministra Liz Truss, esconde fragilidades naturais de quem tem 96 anos.
Não se sabe de problemas de saúde maiores - a não ser dificuldades para se locomover. Mas os sinais que ecoam da realeza britânica indicam preocupação. Pela primeira vez, toda a família foi convocada para ir até a rainha - inclusive, o príncipe Harry, e a esposa, Meghan, que moram nos Estados Unidos, mas estavam em viagem pelo Reino Unido. Não se tomaria essa decisão se a situação não fosse delicada.
A saúde de Elizabeth tem sido motivo de crescente preocupação desde outubro, quando ela foi hospitalizada para exames. Nada foi detalhado. Mas, desde então, ela reduziu consideravelmente sua agenda, com aparições em público cada vez mais raras.
Sua mãe, a rainha consorte do Reino Unido, Elizabeth Bowes-Lyon, morreu ao 101 anos, em 2002, enquanto dormia. Ela estava no Royal Lodge, no Grande Parque de Windsor, sua residência desde 1952. A rainha-mãe sofria de um resfriado havia quatro meses. À época, era o membro da família real com maior longevidade da história - recorde quebrado por sua concunhada, Alice, duquesa de Gloucester, que morreu aos 102 anos em 2004.
No caso de Elizabeth, a preparação para a sucessão vem ocorrendo paulatinamente. Ela praticamente não apareceu nas celebrações do Jubileu de Platina. Foram apenas duas participações breves, a partir da sacada do Palácio de Buckingham para saudar os súditos.
A posse da nova primeira-ministra, na terça-feira (6), já foi algo inédito. Pela primeira-vez na História, ocorreu fora do palácio londrino, para que se evitasse que a rainha tivesse de viajar. Em maio deste ano, ocorreu, o que, na minha avaliação, foi o primeiro grande momento de Charles, o herdeiro, como futuro rei: com a ausência da mãe, Charles, que esperou por 73 anos, assumiu a função mais importante de Estado ao discursar na Câmara dos Lordes, em 10 de maio.