Uma das principais personalidades do século 20, Elizabeth II se tornou símbolo de estabilidade da família real britânica e, por tabela, de todo o Reino Unido, mesmo em mares turbulentos da História. Na pandemia de covid-19 ou em guerras - e, claro, nas sucessivas crises econômicas pelas quais o país passou, Elizabeth II foi uma âncora, acima das idiossincrasias mundanas.
Ela acompanhou, do trono, a transformação política e do próprio Império Britânico, que foi perdendo relevância após o auge da era colonial, no século 19, mas ainda hoje é uma das grandes potências do planeta. Elizabeth não é apenas rainha do Reino Unido, mas de toda a comunidade britânica de nações (a Commonwealth, já composta por 53 países membros e hoje reduzida a 15).
Por ela, passaram 15 primeiros-ministros - a mais recente, na terça-feira (6), a conservadora Liz Truss, que recebeu, no Palácio de Balmoral, a missão de formar um governo.
Elizabeth não tem papel político, mas sempre representou uma força de união em tempos difíceis - na adolescência, antes de assumir o trono, durante a Segunda Guerra Mundial, ela fez uma histórica transmissão de rádio pela BBC, dirigindo-se a outras crianças. Tinha, então, 14 anos.
Durante o funeral de seu marido, Phillip, sua imagem solitária no funeral emocionou - e irritou, no momento em que se soube que o então premier, Boris Johnson, havia feito uma de suas festinhas enquanto a rainha chorava a morte de seu companheiro.
Um dos poucos momentos em que sua popularidade foi arranhada ocorreu durante a morte da princesa Diana, ex-nora e casada com Charles. Durante esse momento trágico, ela colocou a tradição acima das emoções.
Charles já é rei desde agora - mesmo que sua coroação leve alguns dias em respeito aos funerais de Elizabeth II. O novo monarca terá um reinado de continuidade e de transição - sem tentativas de modernização e sem o carisma da mãe.