O Itamaraty confirmou nesta quinta-feira (9) a morte de André Hack Bahi, voluntário gaúcho desaparecido desde sábado (4) na Ucrânia.
Por meio de nota, o órgão diz: "O Ministério das Relações Exteriores recebeu, por meio da Embaixada do Brasil em Kiev, a confirmação do falecimento do nacional brasileiro em território ucraniano em decorrência do conflito naquele país".
A coluna havia antecipado que a família recebera a confirmação da morte de André em combate com os russos por meio do relato do comandante do pelotão ao qual o gaúcho estava integrado. Segundo esse militar, o corpo estaria em um necrotério na região de Severodonestk, no leste do país.
Natural de Porto Alegre, André, 43 anos, se juntou às tropas da Ucrânia para defender o país em 28 de fevereiro, quatro dias depois do início da guerra.
Em mensagem em áudio, um militar, que se identifica como comandante do pelotão ao qual André pertencia, contou detalhes da batalha na qual o brasileiro morreu.
- Meu pelotão foi dividido em dois. A notícia que eu tenho é oficial, nós todos já estamos bem sentidos, já nos reunimos, já choramos, já nos abraçamos, e nós mesmos buscamos todo tipo de informação para confirmar. Eu falei com gente que estava diretamente com ele (André) no momento em que aconteceu. Não foi só ele. Foram outros alvejados, teve gente ferida, um dos meus homens está no hospital bastante machucado e já passou por cirurgia. Outro explodiu a perna - contou.
O comandante afirma ter conversado com o soldado que, após o tiroteio, teria puxado o corpo de André até um ponto de evacuação.
- A notícia que a gente tem é de que o corpo está em um necrotério pela região. Não sei onde fica e qual o procedimento: se tentam dar para a família, se vão enterrar, se vão cremar. É com dor no coração que digo que tenho essa informação - afirma o militar.
Ele descreve a batalha em que André morreu como "muito trágica".
- Estou sem comunicação com dois dos homens que estão no hospital. A situação foi muito trágica. Foi um combate com os russos em que ele foi alvejado em uma posição onde outros foram também feridos. Infelizmente, foi isso que ocorreu. Ele não está detento, não está refém. Infelizmente, está confirmado - diz.
Outro militar, que havia cumprido missão com André em Kiev, mas não estava com o gaúcho no momento da batalha em Severedonestk, descreveu o confronto com base em relatos de companheiros que foram feridos no local. Havia dois cidadãos portugueses com André:
- A gente era um grupo grande. Eles dividiram esse grupo em dois: Um grupo estava em um prédio e outro grupo, em outro. E esse do outro foi bombardeado, (no ataque) morreu um comandante ucraniano e ficaram feridas duas pessoas. O André foi socorrer um dos rapazes, que não conseguia andar direito e o levou para um local seguro. No outro dia, eles ficaram defendendo um prédio, só que estava tendo muito bombardeio nesse prédio e muito tiroteio do lado de fora. Deram ordens de cada um ficar em um ponto. Como é muito difícil a comunicação lá, ele (André) não deve ter entendido muito bem as ordens. Ele pegou e saiu correndo num lugar onde estava o fogo bem pesado. Foram muitos tiros na direção dele.
André é o primeiro brasileiro morto na guerra da Ucrânia.